terça-feira, agosto 21, 2007

A Ilha


"Fiz-me ao mar com lua cheia
A esse mar de ruas e cafés
Com vagas de olhos a rolar
Que nem me viam no convés
Tão cegas no seu vogar
E assim fui na monção
Perdido na imensidão
Deparei com uma ilha
Uma pequena maravilha
Meio submersa
Resistindo à toada
Deu-me dois dedos de conversa
Já cheia de andar calada
Tinha um olhar acanhado
E uma blusa azul-grená
Com o botão desapertado
E por dentro tão ousado
Um peito sem soutien
Ancoramos num rochedo
Sacudimos o sal e o medo
Falámos de música e cinema
Lia fernando pessoa
E às vezes também fazia um poema
E no cabelo vi-lhe conchas
E na boca uma pérola a brilhar
Despiu o olhar de defesa
Pôs-me o mapa sobre a mesa
Deu-me conta dessas ilhas
Arquipélagos ao luar
Com os areais estendidos
Contra a cegueira do mar
Esperando veleiros perdidos..."

Carlos Tê/Rui Veloso

Não esperava nada, mas ancorei - que os veleiros perdidos passem ao largo enquanto eu faço um poema...


3 comentários:

Anónimo disse...

E nunca deixes de fazer poemas , e muito menos de escrever , da foma emotiva e maravilhosa como o fazes!
Só para te dizer, que deves ser uma pessoa extraordinária e que este blog , muito mais do que possas imaginar é de uma grande utilidade para submissas que como eu andam a procura do seu "eu" e do seu caminho...
Continua, sempre linda e com essa entrega quase única!
beijo de uma admiradora submissa que devora o teu blog !

JoaoDeAviz disse...

Há quem da vida faça poesia e da poesia vida, bonito poema de facto

Anónimo disse...

TÊ e Veloso, uma dupla inigualável.Tê a Letrar e Rui a Musicar.Um conjunto Enorme de Talento.
Tb a minha cara Amiga já demonstrou nos seus escritos um talento e uma sensibilidade extraordináriamente fora do alcance do mais comum dos mortais.
Continue a brindar-nos com seus escritos e suas escolhas.
Eu e muitos outros somos apreciadores.
Um Beijo Terno.

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa