sábado, janeiro 23, 2016


Uma década...


Sou a bondarina.
Nunca foi segredo que quem assina este blog sou eu, bondarina.
Estive dez anos na Comunidade BDSM Portuguesa, também com o Projecto Dominium.
Tal como disse numa entrevista à SIC há alguns anos atrás, deixaria o BDSM quando me sentisse violentada. E fi-lo.

Faltava "disclosure".
Volto agora para me despedir.
Nestes dez anos, digam o que disserem, mintam, caluniem e difamem, acreditei em tudo o que fiz na e para a Comunidade, em prol da identidade de cada submisso/a ou Dominador/a, sem tabus nem preconceitos e na tentativa maior - e conseguida -  de travar a pior discriminação de todas: a auto-discriminação. Fico feliz por ver como evoluiu a Comunidade em termos de saídas do armário, de terem surgido tantas iniciativas com gente real a fazer plays reais em público - sem ser em privados de 15m, como antes...

Fico feliz por ter ajudado quem me procurou e dado o litro para mudar alguma coisa, com todas as pessoas que pertenceram à Dominium e a um Tempo em que tudo era diferente. Fui quem menos se realizou nas práticas BDSM - excepção feita aos meus Donos e Senhores - mas quem mais, sem sombra de dúvida, trabalhou por amor à causa, de estandarte em riste.

Servidos, gordos e anafados - alguns dos que aí andam aos saltinhos agora - outrora amigos, tornaram-se Brutus quando quiseram ganhar dinheiro e pegaram na faca. Tenho pena deles, porque aqui a "crazy person" riu com eles e chorou com eles anos a fio, sem os trocar por qualquer badameco de curva da estrada.
Lamento a sua patetice. Que sejam felizes com as suas escolhas!

O resto?
"Se doer é porque vale a pena"

Tive muito prazer em conhecer-vos.
A submissa bondarina



quarta-feira, maio 14, 2014

Filhas de um deus maior...

"Lisístrata é o nome de uma comédia anti-guerra escrita por Aristófanes em 411 a.C..
Na época em que foi escrita, Atenas atravessava um período difícil de sua história. Abandonados por seus aliados, os atenienses tinham ao redor das muralhas de suas cidades as tropas de Esparta. Essa luta fratricida enfraquecia a Grécia, pondo-a à mercê dos Persas. A peça de Aristófanes, faz uma crítica severa a essa guerra, envolvendo as mulheres das cidades gregas na Guerra do Peloponeso, lideradas pela ateniense Lisístrata, que decidem instituir uma greve de sexo até que seus maridos parem a luta e estabeleçam a paz. No final, graças às mulheres, as duas cidades celebram a paz."
Origem: Wikipédia


"LISÍSTRATA" E A SALVAÇÃO PELO SEXO

Marcos Diamantino



Para tentarmos compreender, nas entrelinhas, a comédia “Lisístrata”, de Aristófanes, convém conhecer o contexto social e político da época em que a peça foi criada: a Atenas do ano 411 a. C. Nesse período estava em curso a Guerra do Peloponeso que, segundo a Professora e Historiadora Margarida Maria de Carvalho, no artigo “A Mulher na Comédia Antiga: a Lisístrata de Aristófanes”, era “considerada como uma guerra entre dois sistemas divergentes: o sistema democrático de Atenas versus o Sistema Oligárquico de Esparta”. A autora afirma que Aristófanes era um crítico contumaz dessa guerra e, portanto, da democracia que permitia tal conflito. A teórica Giselle Moreira da Mata, no artigo “Entre Risos e Lágrimas: uma Análise das Personagens Femininas Atenienses na Obra de Aristófanes”, amplia essa aludida visão crítica de Aristófanes ao citar Freire (1985) para quem o comediógrafo era conservador ao revelar “hostilidade às inovações e a todos os homens responsáveis por elas”. Giselle recorre à contribuição do teórico Acker (2007), segundo o qual Aristófanes “foi defensor do passado de Atenas, dos valores democráticos tradicionais, das virtudes cívicas e da solidariedade social”, usando para a manutenção dessa tradição a sátira violenta.
“Lisístrata” foi escrita no período democrático de liberdade ateniense sendo aceitável a crítica aos problemas sociais e políticos. Por isso faz parte de um subgênero chamado de Comédia Antiga. Após a derrota sofrida por Atenas na guerra, surge a Comédia Nova cujas críticas, de acordo com a autora Giselle Moreira da Mata, caracterizam-se mais por “intrigas privadas e íntimas”. “Lisístrata” nesse sentido pode ser considerada a tentativa de Aristófanes, através da dramaturgia, de evitar a derrocada da sociedade ateniense anterior, que considerava ideal.
A comédia, assim como o teatro grego, nascendo da adoração a Dionisio, deus do vinho e das festas, com destaque para as manifestações falocêntricas, era um género muito popular na Grécia. Considerado, o principal comediógrafo antigo, Aristófanes poderia supor que “Lisístrata”, dada à sua penetração haveria de causar um clamor popular, revertendo as ameaças à democracia ateniense.
Como a sexualidade é factor determinante na cultura universal e sempre desperta o interesse dos povos, desenhou-se o tema propício para uma peça de grande apelo popular. “Lisístrata” apresenta como conflito a greve de sexo proposta por esposas legítimas numa espécie de chantagem para obrigar os maridos a terminarem com a guerra. Para a autora Giselle Mata, outros factores de atracção da peça são “os recursos cómicos: situações ridículas, caricaturas de personagens reais, ironias, trocadilhos e mal-entendidos”. As frases de duplo sentido permeiam todo o texto. Numa cena, o comissário sugere a um artesão que passe em sua casa para alargar a sandália da esposa sugerindo um dupla conotação. As cenas episódicas, independentes, são também uma estratégia para enriquecer o texto.
O Professor Marcos Mota, da disciplina de Teatro da UnB, ressalta, no entanto, os objectivos sérios por trás das peças cómicas. “São, na verdade, paratragédias, ou seja, peças cômicas que se organizam em função da tragédia”.
Os estudos propostos pelos teóricos sobre a condição feminina na Grécia Antiga colocam em dúvida o objectivo de levar a sociedade ateniense a discutir o papel da mulher. A autora Giselle da Mata cita Nikos A. Vrissintzis, autor de “Amor, Sexo e Casamento na Grécia Antiga”, para quem a mulher só adquiria alguma importância através do casamento. Fora do ambiente doméstico, segundo Nikos, quase tudo era proibido para a “esposa legítima”, como participar da política, da cultura e da vida social. Havia restrições até no ambiente familiar, sendo proibido às mulheres, fazer refeições à mesa com o marido. Além disso, havia na Grécia antiga, outras classes de mulheres que não fariam greve de sexo com seus maridos pelo simples fato de não tê-los: eram as concubinas, as cortesãs, as prostitutas e as escravas.
Na verdade, “Lisístrata” critica a todos, inclusive os tragediógrafos. Numa cena, um velho ironiza as tragédias quando diz: - “Não há ninguém mais inteligente que os autores de tragédias. Eles é que têm razão. Pode haver criatura mais sem vergonha que a mulher?”.
A hipótese de que “Lisístrata” poderia contribuir para diminuir a submissão da mulher iria contra a crença de Aristófanes de que a sociedade ideal é a do passado. Os compositores Chico Buarque de Holanda e Augusto Boal, com a letra “Mulheres de Atenas” tornaram popular, através de uma música, o perfil submisso da mulher ateniense: “mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/ geram pros seus maridos, os novos filhos de Atenas/ Elas não tem gosto ou vontade / nem defeito nem qualidade / tem medo apenas”.
O conceito de salvação através do sexo feminino, presente em “Lisístrata”, aparece sob outra óptica na música “Geni e o Zepelin”, da “Ópera do Malandro”, baseada na “Ópera dos 3 Vinténs”, de Bertolt Brecht. A composição de Chico Buarque alude à mulher de comportamento sexual livre, criticada pela sociedade, e que é obrigada a se entregar sexualmente a um conquistador para salvar a cidade. Antes de se voltar novamente contra Geni, a moralista e hipócrita sociedade a incentiva a servir ao conquistador: “vai com ele, vai Geni / você pode nos salvar / você vai nos redimir / você dá pra qualquer um / bendita Geni”.
Quando em “Lisístrata”, usa-se a sexualidade feminina, mesmo no caso da greve de sexo, para a obtenção da Paz, amplia-se, de certa forma, o preconceito de mulher como objecto sexual. Hipoteticamente, a mulher poderia obter os mesmos resultados se participasse da política ateniense, por exemplo. É possível concluir que, Aristófanes, em busca de seus objectivos, acaba, de fato, explorando a mulher e sua condição submissa na Grécia antiga.


in http://diamantinoarts.blogspot.pt


...Mulheres a Preto e Branco...


Fotos de Tono Stano

Falsos Orgasmos II

Falsos Orgasmos...

Masters e Johnson

Wikipedia, a enciclopédia livre
 "Masters e Johnson, a equipa de investigação composta por William H. Masters e Virginia E. Johnson, foi pioneira em pesquisas sobre a natureza da resposta sexual humana e o diagnóstico e tratamento de distúrbios sexuais e disfunções, desde 1957 até a década de 1990.
O trabalho de Masters e Johnson começou no Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Washington em St. Louis e foi continuado na Instituição Independente de Pesquisa Não-Lucrativa, fundada em St. Louis em 1964, originalmente chamado de Fundação de Pesquisa de Biologia Reprodutiva e renomeado Masters & Johnson Institute em 1978.
Na fase inicial dos estudos de Masters e Johnson, entre 1957 e 1965, gravaram alguns dos primeiros dados de laboratório sobre a anatomia e fisiologia da resposta sexual humana, com base na observação directa de 382 mulheres e 312 homens, no que eles estimaram ser "10.000 ciclos completos de resposta sexual". As suas descobertas, particularmente sobre a natureza feminina da excitação sexual (por exemplo, descrevendo os mecanismos de lubrificação vaginal e afastando a noção difundida de que a lubrificação vaginal se originava no colo do útero), e do orgasmo (mostrando que a fisiologia da resposta orgásmica era idêntica se houvesse estimulação clitoriana ou vaginal, provando que algumas mulheres são capazes de ter orgasmos múltiplos), dissipando assim muitos equívocos de longa data.
Em conjunto escreveram dois textos clássicos no campo, A Resposta Sexual Humana Inadequação Sexual Humana, publicados em 1966 e 1970, respectivamente. Ambos foram Best-sellers traduzidos para mais de trinta línguas. A equipa está representada no Wall of Fame de St. Louis pela importância do seu pioneirismo, apesar dos obstáculos. Além disso, são actualmente o foco de um projecto de televisão chamado Mestres do Sexo para a Produtora Showtime, baseado na biografia de 2009 de Thomas Maier."