segunda-feira, outubro 22, 2007

Polyamor

Para Miguel, I. e R.

"(...)
Esta sanduíche de sexo em camadas tornou-se a imagem da minha teoria final sobre nós os três. Eu e ele profundamente interligados, com ela como nossa parteira, nosso amortecedor, nossa catalizadora, nossa cola. Como Colette afirmou: Certas mulheres precisam de mulheres para preservar o seu gosto por homens. Ela aliviava-nos, separava-nos, e dispersava a estarrecedora intensidade que havia entre nós. Diminuía a terrível ansiedade do amor.
Vários meses mais tarde, ele anunciou que ia sair da cidade por questões de trabalho - ia estar fora durante meses, talvez para sempre. Combinámos um encontro, apressadamente. Depois de ele chegar, ela ligou a sugerir que começássemos sem ela, porque se ia atrasar. Bateu à porta assim que acabámos de foder. Fomos recebê-la nus, mas ela estava vestida de veludo vermelho e seda verde, com botões de rosa brancos frescos a decorar o cabelo, como Ofélia.
Disseram-me para ficar deitada e para me descontrair, enquanto eles se juntavam sobre a sua presa. Ele tinha os dedos no meu clítoris, na minha cona, no meu cu, enquanto ela se debruçava por cima de mim, macia, com o cabelo ruivo, sedoso espalhado por todo o lado, a sussurrar: Amo-te, amo-te, amo-te, amo-te...As ondas rebentaram e ele ainda continuou, e ela ainda sussurrou, acariciando o meu rosto: Amo-te, amo-te, amo-te... As ondas continuaram, vezes sem conta, com orgasmos tão doces a levar a outros menos doces mas mais intensos.
E depois aconteceu. Uma onda começou nos meus pés e nas minhas pernas, subiu pela minha barriga, pelo meu peito, pela minha garganta, e a minha alma explodiu pelo topo da minha cabeça. Foi a experiência de amor-prazer mais profunda que alguma vez tinha vivido - ou visto. Mais tarde ela explicou-me que o nome técnico era Kamikazi-Mega-Hiawatha.Parecia mesmo ser isso.
Depois ele partiu. Foi-se embora. Embora.
Eu e ela encontrámo-nos numa tarde de sol, abraçadas na cama dela, com os dedos a vaguear - mas eu tinha saudades dele. Doces irmãs sem uma pila entre elas."

in "Entrega - Memórias Eróticas"
Toni Bentley (2004)

5 comentários:

Anónimo disse...

O maravilhoso mundo da literatura...Como seria BOM se fosse assim na realidade:))
Beijos

Anónimo disse...

Pois, pois... o problema das sandwiches é que com a idade começam a provocar colesterol :D

Inês Ramos disse...

Eu cá gosto de sandwiches vegetarianas... Com 2 pepinos e 4 tomates...
Mas às vezes também marcham uns grelinhos salteados... Ui... Kafome... LOL

Anónimo disse...

E k tal uma salada russa à portuguesa? Muitos legumes, quanto maior a variedade melhor...e claro, muita maionese. nham, nham...

Inês Ramos disse...

Tás inspirada, ó Isa! LOLOLOL Olha que a maionese engorda!