quinta-feira, maio 30, 2013

Errata




Para quem me pediu para descodificar o texto anterior,
aqui fica...














ERRATA

Pudesse eu, na minha alma estreita,
ter o condão de passar a imensidão do que sinto,
teríeis vós, gente insatisfeita,
apesar dos escolhos e da maleita,
a chave inteira de que a escrever não minto.

Pois se me senti magoada, triste e carregada,
numa vaga intrépida de frémito e dor,
leiam vocês, gente desalmada,
apesar do delírio, da febre e do martírio,
como é possível doer o amor.

Se não me sabeis ler, a preto e branco ou a cor,
Aqui fica a minha dádiva pequenina,
Num esforço calmo, sereno e efémero,
Num mar de serenidade que não se anima,
Numa prosa mais simples para o meu leitor.

Pois se me senti um ponto e na vírgula me encostei,
sabei vós, senhores doutores, 
que, apesar dos rumores e das cantigas de embalo,
nada do que escrevi antes ou escreverei,
tem ou terá a haver com o tão atrevido falo.

De sentimentos escrevo e de sentires que arrepiam,
de bocados retalhados e suspiros arrancados,
de dores de sempre e de bílis, de pus e de feridas abertas,
para quem me lê e sabe, para quem me lê e sente,
como se alivia o fardo, a tortura dos poetas.

Pois quando preciso de esvaziar a minh´alma,
quando é tempo de partir e procurar doce calma,
quando o momento chega e fartos de estarmos sós,
nos atiramos à Vida e nela nos esfregamos,
.... para voltarmos sem medo ao passado dos avós.

Pois se quando é o tempo de os nós os desatar,
quando é profundo o lamento e calada está a voz,
quando vemos que o sexo é a cenoura afinal,
sentimo-nos sem chão nem pátria, sem maré e sem farol,
e vogamos pela Vida como peixe num anzol.

Senti, ri e chorei - uma e outra e outra vez,
e entre as páginas do livro, entre os filmes no ecrã,
por entre as sedas na cama, ou num pequeno divã,
amarrada pela ponta ao candelabro de pé,
fui menina, fui escrava, cumpri um acto de fé.

Se ainda dúvidas restarem, apesar dos meus esforços,
minhas senhoras e homens, meu público atento e audaz,
nunca duvidem que um dia - talvez até amanhã -
podem estar numa redoma, sofridos e sem saída,
ou atados a uma estaca, sem um momento de paz.

Pois que eu sou assim mesmo,
vomito o que em mim dói;
pois que eu sou um momento,
num eterno frenesim;
pois que eu não me contento
com o que não sabem de mim.

Caros e doutos leitores,
na ânsia de vos agradar,
aqui fica este aumento
ao texto que assinei atrás.
Que vos traga bom proveito,
tranquilidade e fulgor,
procedido de preceito,
pois foi escrito a rigor...




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