Embalada pelos dias sem noites e noites sem dias, tonta numa vertigem de luz e sombra.
um dia faço...
E fui e cortei os nós e atei os laços e não olhei para trás...
Fui e fui e fui até onde cheguei e não voltei.
Fiquei lá, vou ficando, com os olhos turvos de verdes...
Um dia faço e fiz!
E quero mais e vou fazer mais... e repetir... e não voltar e ficar!
Pedaços espalhados no horizonte e sonhos na ponta dos dedos.
Precisar e não ter, não ter e não pedir, pedir que tenha....
A alma na calma da trama.
A trama entrelaçada na bruma.
A bruma colada no vidro.
A angústia, a dor e o querer e o não ter.
A mulher de quatro no chão.
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um dia faço...
Que os dias são curtos para tudo.
Que não há retorno.
Que quero.
Que preciso.
Que dou.
Que dói!
um dia fiz!
Os milagres, o sol a penetrar o mar e a mentir.
As nuvens entre o látego e a pele.
As letras gravadas a fogo e a ferro ou metal barato.
O legado, a dádiva e a dívida.
A injustiça e o pecado e a gula e a tristeza.
O sabor...
um dia fiz e um dia vou fazer...
Dar o que não tenho e o que tenho.
Não o olhar, nem pairar nem esperar.
Torcer as mãos e os dedos num espasmo.
Calar o grito na garganta e jorrar num pranto.
Rebentar por dentro que por fora dá castigo;
inventar uma espécie de amor embrulhado
na dor.
Escrava...
Magoada.
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