terça-feira, maio 28, 2013

um dia faço...



Embalada pelos dias sem noites e noites sem dias, tonta numa vertigem de luz e sombra.

um dia faço...

E fui e cortei os nós e atei os laços e não olhei para trás...
Fui e fui e fui até onde cheguei e não voltei.
Fiquei lá, vou ficando, com os olhos turvos de verdes...

Um dia faço e fiz!
E quero mais e vou fazer mais... e repetir... e não voltar e ficar!
Pedaços espalhados no horizonte e sonhos na ponta dos dedos.
Precisar e não ter, não ter e não pedir, pedir que tenha....



A alma na calma da trama.
A trama entrelaçada na bruma.
A bruma colada no vidro.
A angústia, a dor e o querer e o não ter.
A mulher de quatro no chão.
A escrava feliz ao serão, aninhada no calor da vontade das vontades.

um dia faço...

Que os dias são curtos para tudo.
Que não há retorno.
Que quero.
Que preciso.
Que dou.
Que dói!

um dia fiz!

Os milagres, o sol a penetrar o mar e a mentir.
As nuvens entre o látego e a pele.
As letras gravadas a fogo e a ferro ou metal barato.
O legado, a dádiva e a dívida.
A injustiça e o pecado e a gula e a tristeza.
O sabor...

um dia fiz e um dia vou fazer...

Dar o que não tenho e o que tenho.
Não o olhar, nem pairar nem esperar.
Torcer as mãos e os dedos num espasmo.
Calar o grito na garganta e jorrar num pranto.
Rebentar por dentro que por fora dá castigo;
inventar uma espécie de amor embrulhado



na dor.

Escrava...
Magoada.





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