sábado, junho 30, 2012

bondarina Vs bondarina V


("escrava" em dialecto Kenji/Japão)


5) Quando descobriu o BDSM na Internet, assumiu logo, visualmente, ser submissa?  
Ao pesquisar online, descobri um paraíso escondido, especialmente no tão famoso (por mérito) site "Desejo Secreto" (BR) e por indicação "INSEX" (EUA).
Pelo lado gráfico, visual, relativamente à minha descoberta virgem, a primeira indicação fez-se com as Dominadoras, curiosamente.Imagens poderosas de mulheres fortes em roupa sexy e com o Poder na mão, em oposição às desgraçadas nuas, descalças e a rastejar num chão sujo - as submissas. Não reparei na parte masculina - nem nos submissos, nem nos Dominadores. E senti total aversão por imagens mais fortes de SM - a beleza do acto de Dominar e ser dominado fascinou-me - digerir a dor em contexto visual nao me seduziu, causando até alguma aversão.
Tendo eu uma personalidade forte no quotidiano, numa primeira impressão não me atraíu minimamente a imagem física passada das mulheres dominadas; de imediato avaliei (erradamente, soube depois) falta de dignidade e auto-estima.
Portanto, não arquivei a ideia de submissa, até passar das imagens aos textos (especialmente relatos na 1ª pessoa) e quando finalmente senti a luxúria entrepernas, a instalar-se como um vírus, a ganhar caminho.
Nessas descrições, a imediata colagem ao que sentia nas minhas fantasias e até no ocasional rough sex emergiram e ganharam forma.

E a concretização das fantasias aconteceu de ânimo leve e rapidamente?
Não. Talvez pelo facto de ser uma pessoa de forte personalidade e tímida, retraída (apesar de disfarçar bem), o processo foi moroso. Continuei a querer saber e perceber mais e mais, especialmente nos Canais temáticos de IRC/MIRC (então em voga) e ao fazer amizade nética com "veteranos/as" no BDSM Português.
Ainda hoje reconheço ter tido muita sorte, numa primeira fase, ao conhecer as pessoas certas, algumas que até hoje se mantiveram Amigas, anos volvidos.
Complementava a aprendizagem com leituras temáticas clássicas, idas a sites e blogs do tema; ainda hoje considero os últimos, generalizando, os espaços mais credíveis para se entender o que é, na pele, o BDSM. Na altura não havia a febre nética que se verifica agora, nem tanta oferta, donde, todos líamos e conhecíamos, inevitavelmente, as mesmas referências e "nicks".

...One Lock One Key...

Que idade tinhas quando tiveste a tua primeira sessão? (fear)
Trinta e nove anos.
Depois de me informar imenso e com consciência, vontade e determinação.
Aliás, defendo que a prática do BDSM ou/e do B, D/s e do SM - deveria ter uma idade mínima reconhecida, pelos 30 anos e nunca menos.
Não se trata de maturidade quantitativa, mas de experiências vividas, auto-conhecimento de desejos e rumos, e capacidade de auto-controle.
A Dominação/submissão mexe profundamente com alma e mente e o SM com o corpo e os limites individuais; em qualquer das vertentes, o vício da adrenalina instala-se e o horizonte muda de sítio a cada hora. Pode ser perigoso e deixar marcas eternas.
Jovens a iniciar o seu caminho, sem referências pessoais, não terão a mesma couraça ou/e consciência de perigo ao colocar a sua Vida na mão de outrem ou terceiros.
Nem falo agora nos motivos que levam alguém a praticar BDSM, senão o SEXO acessível estaria no topo da lista - e eu refuto essa tendência...

Como descobriste a tua posição no BDSM? E nunca duvidaste da mesma? (Cruela)
Curiosamente através de swingers - um casal e um single, separadamente. Com o meu mentor (do casal) eram noites infinitas a debater o assunto e a trocar info para beginners (até ao primeiro encontro com ambos), com o single, além da inicial conversa aprazível e útil trocada e uns laivos eróticos via MSN, só in loco ele tirou as dúvidas, numa abordagem que deveria ser meramente sexual mas que ele explorou para um soft D/s e eu correspondi. Considero esse o momento carnal da revelação e primeira sessão, embora sem esse título no momento...



Se já duvidei da minha tendência submissa? Não.
Como todas as mulheres enganadas ou traídas, há um dia na Vida em que amaldiçoamos o Homem e até verbalizamos que o mataríamos de pancada, mas isso é teoria e passa depressa.
Não tive nem tenho tendência Dominadora, mas já experimentei SM em homens, duas ou tres vezes e gostei - a prática do SM per si, em que, vendo bem, estou igualmente a dar ao Homem o que ele deseja, não me assusta nem me baralha.
Dominação não é SM e eu jamais tive interesse/necessidade em ser a Dona da Alma dum Homem Submisso.
As práticas SM podem ser estanques e isso soube-me muito bem, enquanto fiz o parceiro feliz; noutro contexto, seria impensável. Claro que, como sucede com muitas ex-subs, seria mais fácil "vingar-me dos gajos" e passar a arrear-lhes, porque sim - não acontece comigo e se depender de mim, jamais acontecerá.
Portanto, com mais ou menos chibatada a pedido de Amigos homens submissos, para os fazer felizes - não, nunca me ocorreu ser Domme! Apesar de me dar prazer essa interacção...

(continua)

2 comentários:

Anónimo disse...

Realmente tocas num assunto muito interessante, tendo eu já constatado isso, logo no inicio em que comecei a saber mais sobre BDSM...há muitas mulheres que dizem-se Dominadoras e optam por esse papel devido a esse facto...medo de traição por parte do homem, vingança, etc.

kursk

Felídeo disse...

Olá bondarina,

depreendo que levas o BDSM a um nível mais filosófico, e aqui, tiras mais prazer na submissão. Na prática consegues tirar prazer tanto em Dominação quanto em submissão, mas esta é mais mens sana in corpore sano?