sábado, agosto 09, 2008

"Da teoria da aprendizagem de Ausubel para o tópico do preconceito, bem o que isto tem a ver?

Numa primeira mirada nada, olhando menos na superfície, muita coisa…

Concepções alternativas, conhecimentos prévios, misconceptions, concepções espontâneas ou concepções prévias, entre outros nomes é aquilo que o indivíduo já sabe, já conhece ou pensa sobre determinado assunto. De um modo geral nós temos dentro de nossa cabeça concepções sobre tudo que nos cerca, nós já sabemos alguma coisa sobre todas as coisas.

Ausubel diz que para se ensinar algo a alguém a primeira coisa que devemos procurar descobrir é o que a pessoa sabe sobre o assunto a ser ensinado, feito isso, ensinaremos a partir disto.

As concepções alternativas, para o autor, muitas vezes emperram o conhecimento, o ato de conhecer cientificamente algo e, se desconsiderarmos estas concepções, o ensino nunca se dará de modo eficaz.

É papel da escola falar sobre preconceito, está nos Temas Transversais, mas especificamente no PCN de Pluralidade Cultural.

O preconceito nada mais é que uma forma de autoritarismo social de uma sociedade doente.

Normalmente o preconceito é causado pela ignorância, isto é, o não conhecimento do outro que é diferente. O preconceito leva à discriminação, à marginalização e à violência. Estas atitudes vêm acompanhadas por teorias justificativas.

O preconceito também pode ser justificado/motivado pelo medo. Falta a coragem de ir conhecer um terreiro do candomblé, de visitar um doente com AIDS. O medo da hanseníase tem uma história milenar.

preconceitos de diversos tipos: preconceitos contra ciganos (todo cigano é ladrão), negros (dizem que quando não apronta na entrada apronta na saída), judeus (só pensam em dinheiro, são mesquinhos), índios (são preguiçosos e indolentes), idosos (são lerdos e metódicos e no trânsito só atrapalham), mulheres (são inferiores aos homens), pobres (vivem choramingando e não se esforçaram o suficiente pra vencer na vida, são preguiçosos), ricos (esbanjadores e exploradores, capitalistas desumanos), preconceito contra a corpo (o nu, e isso quem já teve o perfil excluído no orkut mais de uma vez por conta de fotos, sabe bem o que é), preconceito religioso (umbanda, candomblé, pentecostais - ou apenas por se acreditar num ser superior, sem nomeá-lo, se sofre preconceito), preconceito contra a cultura popular (se acha que a erudita é melhor), preconceito contra os doentes mentais (vamos matá-los todos pq não servem de nada mesmo), preconceito contra os detentos (direitos humanos para presos pra que?), preconceito linguístico (bidialetalismo funcional é papo de intelectual), preconceito sexual: homossexuais e toda comunidade LGBT (são uma aberração da natureza), a mulher que assume seus desejos e busca por eles (é puta), preconceito contra os praticantes de BDSM (é tudo um bando de perverso, doente), preconceito dentro do BDSM: (zôo? Não aperto a mão de quem faz isso, tenho nojo. Scat? Masoquista moral? Dar as senhas de meu msn, e-mail e orkut pra Dono, cruzes!! Obedecer incondicionalmente? Lamber o chão que ele pisa? Abrir mão de meu prazer em prol do Dele? Submissa de alma? Dominação psicológica? Credo, normal sou eu com minha listinha de fetiches, os outros são anormais… povo mais doente esse, eu hein!)

E assim, das mais variadas formas, cotidianamente, tecemos juízos de valor pré-concebidos, discriminamos o outro, o diferente. Nos colocamos na zona de conforto pra apontar o dedo pro vizinho.

Essa atitude, de olhar para o outro e taxá-lo de acordo com nossos valores, nossos conceitos de certo e errado, tem uma origem etnocêntrica. Preconceito visto desta forma, tem, entre outras origens, a origem cultural. Procuramos no outro os nossos valores e então vemos neles apenas o que falta a eles e não nos dedicamos a ver com clareza o que estes outros são de fato… tendemos a nos julgar melhores.

Bem, todos nós possuímos, em maior ou menor grau, preconceitos. Somos diferentes. Temos modo de pensar, agir, gostos diferentes, opções diferentes.

E aí volto nas misconceptions, nos conhecimentos prévios de David Ausubel.

Devemos saber o que as pessoas pensam, dar vez e voz a elas, ouvi-las. Mas nós não conseguimos, só sabemos falar, não sabemos ouvir. Nas comunidades os discursos são para cegos (ou surdos?).

Levando-se em consideração que somos assim e que dificilmente uma pessoa muda sua opinião pela do outro, porque se faz (ou não faz) necessário discutir preconceitos? Como se combate o preconceito?

Estas são as grandes questões que me faço.

Preconceito é crime. Se não o discutimos não o combatemos e se não o combatemos tendemos a justificá-lo e a legitimá-lo. Tolerância não é a palavra chave para o combate ao preconceito. Tolerar não é compreender nem tampouco aceitar. Temos de aprender a ser e a conviver.

Como se discute preconceito sem se gerar novos preconceitos?

Há que se ter sabedoria e não se deixar queimar na fogueira das vaidades.
Há que não se subir em um pedestal, se colocando acima do bem e do mal. Tarefa inglória.

Eu como sei que não sou capaz de tão árdua tarefa (porque
sim, eu sou muito narcisista), leio e reflito aqui, no meu canto."

in http://pensamentosubmisso.wordpress.com/

2 comentários:

Isa disse...

Todos nós temos preconceitos. Se alguém disser que não tem, está a mentir. No entanto, reconhecê-los já é um passo...
Beijo grande Amiga

JoaoDeAviz disse...

Bom texto.
Os preconceitos são travões à liberdade de pensamento e de acção, e se por um lado os preconceitos exteriores a nós nos condicionam, aqueles que estão em nós, são limitações a uma maior liberdade e bem estar pessoal.
Se ao longo de uma vida, a sociedade nos carregou de preconceitos, é igualmente um arduo trabalho de uma vida a libertação deles...
Keep on going para mim, para ti bichinha, e para todos os que pretendem uma linberdade de pensamento e comportamento!