Acabei de rever o filme "The Rose" com a Bette Midler a protagonizar, no que se pensa ser uma aproximação fílmica do final da carreira da Janis Joplin; tinha-o visto em estreia há quase trinta anos - e voltei a chorar...

De novo, à cabeça veio-me "Eleanor Rigby" dos Beatles e tantas outras coisas sobre solidão e vejo que o meu "passado foi lá atrás" mas tudo aqui dentro ficou na mesma.

Ontem em arrumação de estantes, seleccionei tanta coisa guardada em papeis e cadernos, etc. e constatei que muita gente já passou na minha vida e eu fiz o que pude para serem melhores pessoas - uns consegui, outros não! Como todos nós...

Encontrei cartas da minha amiga com doença terminal que morreu há quase um ano - e reli os conselhos dela, directamente de um Templo Budista na Índia, onde me dizia que eu não nasci para coisas comuns mas para as artes, para escrever muito e para muitos, isto em 1999... E sorri!
Hoje ao telefone, um amigo perguntou-me "o que gostas mais de fazer" e eu respondi "escrever" e ele disse "entao escreve, nem que seja até doer!".
E ficámos assim, pendurados entre o que somos, pensamos, sentimos e nos dizem ser - um pot-pourri de sensaçoes e nao saber por onde começar!

Depois encontrei muitos postais de aniversario, a maioria da minha juventude em Lisboa, de gente que guardei no coraçao e me ajudou a crescer melhor, dos quais sei os nomes e aniversarios tb, mas nao as moradas, porque há um tipo de síndroma que diz que quando as pessoas encontram "o tal" ou com quem casam, esquecem os amigos. Eu nao, jamais partirá de mim isso...

Encontrei "O Livro das Paulas" começado, mas que agora não faz mais sentido, uma delas tornou-se o nome do marido e a outra também já nao é a mesma, e essas novas personagens nao as conheço. Encontrei bilhetes de one night stand com namorados e com parceiros e lembrei-me de todos os amigos que já morreram e os que ainda irão morrer...

E pergunto-me - para onde se caminha, ao nascer?

Alguns têm desvios que lhes tornam a vida fácil, outros pelo contrário, só decidem errado.
Mas cada um é diferente do outro, bem como as vidas e os julgamentos e as consequencias.

"Where are you going? Where is everybody going?"