segunda-feira, julho 18, 2005

O Nó

Fui mais uma vez.
O mar chamou e eu fui.
Mas queria ir, senão ficava.
Molhei dedos e olhos,
por dentro e por fora,
sem riscos e sem medos.
Chorei os pés
na palma das mãos dos dias,
deslizei núa por entre raízes,
deixei para trás o que ficou...

Fui mais uma vez.
E de novo gostei.
Sangue nas feridas abertas.
Os dentes brancos amarelos e sujos.
As mamas a caírem com a noite
E as redes a juntarem-se num nó.

Fiquei só!


ML
Dezembro 2002

3 comentários:

Anónimo disse...

Nunca se está só quando se sabe que alguém algures suavemente nos toca os cabelos

Anónimo disse...

Quando a única coisa que podemos fazer é ir, porque é aquilo que queremos, nunca ficamos pior do que se tivessemos ficado.
Podemos ficar sós. Mas a inevitabilidade de ter feito - ou dito - a única coisa possível (porque a queríamos), dá-nos paz. Sempre leal a ti própria, mesmo quando dói...

beijos
A tua baunilha

Anónimo disse...

Fui mais uma vez.
O mar chamou e eu fui.
Mas queria ir, senão ficava.
Molhei dedos e pés,
galochas e meias,
com riscos sem sorte.
Gelei os pés
nas palmas das mãos a bicha,
deslizei equipado por entre rochas,
deixei para trás o que ficou...

Fui mais uma vez.
E de novo nada.
Sangue nas feridas abertas.
Os dedos brancos amarelos e sujos.
As canas a abanarem com a noite
E as redes a juntarem-se no anzol.

Fiquei sem nada....

(Dias de pesca amaldiçoada por porcos)