quarta-feira, junho 12, 2013



Penso em estátuas de sal...
Naquelas pessoas que entronizei e se desfizeram com uma vaga de Norte, com uma maré viva.
Penso na noite que não dormi, com a cabeça a estalar para entender o incompreensível.
Nas estátuas de sal que já amei e outras de que só gostei muito - até latejar.
No que já passou e no que não passa.
Neste longo Outono que nos rouba as energias e nas pessoas que nos sugam as energias e seguem caminho, altivas...
Penso em estátuas de sal...
A derreterem-se na areia molhada, como o açúcar na boca.
A escoarem-se por entre os dedos na areia encharcada, sem retorno, sem volta.
A irem-se, devagar porque o Futuro não espera e a maré vai virar a qualquer momento.
Nas estátuas de sal...
Na onda meiga que as abraça até as desfazer, estranho amor que mata quem gosta.
Na escuridão do verde ou do azul nas profundezas.
Nos redemoinhos de algas e criaturas com barbatanas que se surpreendem no afogamento dos átomos dispersos.
Nas estátuas de sal...
Dom Quixotes sonhadores que investem contra o que não está lá.
Contra a sua imagem de ficção.
Penso em mim, Sancho Pança de almas de toda a espécie, de gente de todos os formatos.
Queria deixar de pensar mas não consigo.
Queria ser o que me dizem que sou, mas não é possível porque não sou.
Quero ser inteira e devota como sempre fui!
Única porque imperfeita e perfeita porque uma só.


Penso nas minhas falecidas estátuas de sal com uma piedade infinita.
Lamento...

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