segunda-feira, maio 25, 2009

Um nó na garganta!






Às vezes sente-se um nó na garganta, quando a Vida nos sacode e abana como se fôssemos uma marioneta nas mãos do maior Dominador de todos - o Tempo, e da maior Dominadora - a Vida...

Ninguém escapa.

Torcemo-nos, debatemo-nos, esbracejamos e contorcemo-nos, mas o que tem de ser - será.

E assim... terei de me ausentar novamente deste espaço - espero que por pouco tempo - por razões de saúde.

A única certeza é que, se voltar, aquilo que não nos mata, decerto nos torna mais fortes...

Obrigada a todos que me têm apoiado incondicionalmente e aos outros que me têm apoiado condicionalmente também...



Façam o favor de ser felizes! *

sexta-feira, maio 15, 2009

sábado, maio 09, 2009

BDSM na Maior Idade!

Defendo desde sempre que devia haver uma idade mínima para praticar SM dentro do BDSM, talvez na casa dos 30 anos, não apenas porque SM pode implicar riscos e responsabilidade mas também porque a minha vivência de mais de quarenta anos me diz que, regra geral, é necessária alguma consciência de complementariedade e não de causa. No entanto, cada caso é um caso - falo em geral, sempre, e limito-me a opinar!


Há uns anos, um Dominador Inglês contou-me um caso que me deu que pensar - uma antiga escrava dele foi cedida por ele a outro Senhor, com quem esteve anos; quando mais velha (perto dos 50) e doente, o então Dono correu com ela e a escrava viu-se de repente sem emprego, sem enquadramento na actual vida publica inglesa, desfasada da realidade. De referir que a tomada de uma escrava em países em que o BDSM é praticado "à letra" implica destituição total de direitos e total responsabilidade do Dono (saúde, habitação, descontos sociais, enquadramento social, etc), contrariamente a outros países em que os "brandos costumes" imperam numa vertente mais erótico/sensual/D/S e de role/play - logo, menos realista, digamos, ou menos S/M - vidé Portugal.


Assim, a dita escrava viu-se de repente na meia idade, doente, sem familia e sem apoio e apelou ao primeiro Dono que se sentiu indignado com a atitude do "amigo" e o procurou, mas nao conseguiu o pretendido. Chamou então a si a tarefa de ajudar a ex-sua-escrava, anos depois - alugou um pequeno apartamento, arranjou-lhe "escritas" para fazer em casa", levou-a a especialistas médicos e, mais importante para ela que se sentia sem utilidade no que lhe era inato - procurou no seu meio BDSM, quem procurasse uma escrava com experiencia, hard, para vivencias BDSM - e conseguiu, numa base não contínua, mas sempre com a sua supervisão. Aos poucos, restituiu a fé à dita escrava e deu-lhe novamente um "lar" e pelo que sei, tudo se estabilizou.



Evidentemente que este é um caso extremo.
Obviamente que nem todos os Dominadores serão calculistas e insensiveis.
Mas, se reflectirmos em situações de BDSM para sempre - casamentos de Dono/escrava - p.e.,teremos de pensar também, no caso das práticas SM em que a saúde e boa condição física são imperiosas, como lidar com essa vertente.
Qualquer relação se delapida com o Tempo, tendo de se adaptar ou acabando por se esfumar - mas numa dicotomia BDSM em que a componente física dá sentido aos elos e aos laços, não será uma espada de David sobre a cabeça de ambos?





Fui surpreendida no meio BDSM português quando um Dominador me disse "quero uma escrava para sempre, que, quando eu não tiver forças para pegar no chicote, esteja lá para me servir e termos uma relação mental e psicológica igualmente forte!" Foi a segunda vez que despertei para a questão dos limites fisicos/idade no BDSM e, ao viver uma situação de debilidade de saúde numa segunda idade (como acho correcto chamar-lhe), acho cada vez mais ser uma das questões poucas vezes ventiladas e que mais deveriam ser consideradas antes de um Dominador/Domme aceitar um escravo "sinne dia"...

Dir-me-ão que é exactamente igual a uma união baunilha - mas discordo, pois normalmente a parte Dominada abdica de direitos e regalias, corta laços e raízes, chegando inclusivé a mudar de País e vendo-se de repente em situação desesperada.
E quando um dos dois envelhecer? E se um dos dois fica doente? E se a relação depende exclusivamente dos dois e não há apoio de terceiros em caso de injustiça da parte Dominante?

Quid Juris?

terça-feira, maio 05, 2009

O subtítulo deste blog é de William Shakespeare "Todos são capazes de dominar uma dor, excepto quem a sente."...

Aplica-se ao BDSM, como em tudo na vida.
Em mim, fits like a glove - o mesmo que dizer - assenta que nem uma luva.
Definitivamente, como não me tenho cansado de o dizer aqui, são as dores de alma que custam a sarar, não as da pele e, apesar de dizerem que o Tempo cura tudo - não partilho o ditado popular.
Curará à superfície, fará uma plástica conveniente e esconderá as rugas, mas por baixo ficam as cicatrizes e as chagas do que já foi e não volta a ser.
Não sou saudosista in extremis, mas sinto saudades sim e com orgulho; não o orgulho bacoco da estupidez, mas um orgulho saudável do que foi bonito e livre, crescendo sem amarras.
Todos tivemos e temos e teremos isso - na Vida, como no BDSM - e todos um dia teremos saudades e saudosismo - uns saberão preencher o lugar rapidamente para não sentir dor - outros talvez não, mas todos fazem o melhor que podem.
Sobreviver na vida e no BDSM (e falo aqui como submissa/escrava) deve ser das coisas mais difíceis de conseguir mas não impossível, e, como tudo, obriga a sacrifícios que, quando por amor, respeito, dever, se tornam um prazer.
Na minha vida fui dando e recebendo por prazer e quando assim deixou de ser, doeu e senti-me magoada.
Há quem ache que por ter 44 anos sou infantil por ainda me sentir "magoada" com o que "os outros" me possam ou não fazer - e lá vem o cliché "se fazem é porque eu deixo" e é verdade!, mas, francamente, é melhor que alguem se sinta seja o que for ate morrer ou que nao sinta nada?
Espero sentir até morrer - no BDSM, na Vida e em tudo que vem por arrasto.
Cada um de nós sentirá de modo diferente - ou nao sentirá nada.
Se ainda me doi é sinal de que valeu a pena e só me resta agradecer!
Afinal, a Vida e o BDSM servem para trazer ao de cima o limbo do que temos escondido numa gaveta do subconsciente, sacudir e arejar para hastear ou não?
Admito, não sou capaz de dominar a minha dor!

http://www.youtube.com/watch?v=U-ieKwJKVrw

(Esta banda sonora é para o Vitor Carlos, por me ter dado este tema há 25 anos, que sempre trauteei no coração e nos arrepios, em noites mais vazias...)


"Eu tenho a minha loucura e levanto-a como um facho a arder na noite escura..." José Régio