quarta-feira, março 08, 2006

...UMA FANTASIA EM DUAS PARTES...

“Estou deitada na cama e olho o tecto.
O Meu Dono acaba de me atar as pernas abertas ao fundo da cama; tenho os pulsos amarrados à coleira bem apertada, por argolas e presilhas. Uma corda força o pescoço a não se afastar da cama. Estou nua e completamente exposta. O silêncio é amigo…
Fito o tecto e não penso sequer.
O Meu Dono surge dos pés da cama com uma placidez que intimida, e coloca-se do lado direito do leito, olhando-me, sem falar. Uma pausa, em que continuo submissamente a respeitar o Seu silêncio, imobilizada, exposta e Sua!
- Hoje vais-Me servir como nunca o fizeste antes…
Vamos ter visitas e quero que sirvas dois Dominadores meus amigos como se me servisses a mim. Não lhes chamarás Dono mas sim Meu Senhor, e obedecerás como se Me servisses…
Eles sabem os meus limites no que te toca e sabem o que não quero que façam e vão-me respeitar; tenho completa confiança neles.
Eu continuava a fitar o tecto e senti-me importante; o meu Dono confiava em mim para não lhe falhar, e cabia-me estar à altura.
Tínhamos uma relação sólida sem violência gratuita mas na base do castigo/recompensa, em que ele era justo e gratificante; com disciplina eu tinha já ultrapassado muitos limites que pensava ter e o Meu Dono sentia-se contente com a minha servidão. Sem grande alarde, tínhamos uma relação sólida e equilibrada de Dono/escrava. Confiava inteiramente Nele e entregava-me por inteiro e ele mantinha exclusividade comigo, excepto quando decidia em contrário, raramente, mas informando-me sempre. Nem sempre fora uma relação nestes parâmetros, mas gradativamente conseguimos construir um duo de cumplicidade e obediência. Éramos ambos felizes no BDSM, e não hesito em dizê-lo.
O Meu Dono silenciou-se e continuou enorme, de pé, a olhar-me, indefesa e entregue aos Seus desejos…
Fez-me uma carícia na teta direita, com carinho, brincando com o mamilo, não me causando dor. Olhei-o e percebi que ele estava simultaneamente contente mas também apreensivo, como se lhe fosse penoso aquele teste. Pensei se não lhe seria mais a ele do que a mim…
- Estarei na sala com as suas escravas, ainda não decidi se virei assistir ou não, não houve condição imposta de parte a parte nesse sentido. Eles trazem as suas escravas – uma é já escrava há muito tempo de um dos Doms, a outra foi iniciada recentemente. Posso usá-las se me apetecer, decidirei na hora! Se precisares de mim em caso extremo, estarei na sala, mas acredito que não será preciso. Entrego-te nas mãos deles em plena consciência, certo que te respeitarão enquanto Minha e Minha escrava.
Voltou a olhar-me em silêncio, afagando-me o rosto como se fosse uma despedida. Eu mantinha os olhos no tecto e o Meu Dono desviou-me o rosto na sua direcção, docemente.
- Estás contente por Me servires hoje?
- O meu prazer é o Seu prazer, Meu Dono.
Disse-o de alma cheia e crente no que sentia – um contentamento cheio de leveza.
- O que és tu?
- Sua, Meu Dono, a Sua cadela que Lhe obedece, o Seu objecto que Lhe dá prazer.
- Que és tu, Minha cadela?
- A Sua escrava para O servir, Meu Dono.
As palavras saíam confidentes e seguras, livres na servidão voluntária.
- Estás feliz por ser Minha, Minha escrava?
- Sou feliz em O fazer feliz, Meu Dono.
- Que és tu?
- A Sua escrava para o servir, Meu Dono.
- Que és tu, submissa?
- A Sua escrava para O servir, Meu Dono.
Senti que o Meu Dono me tinha em pleno, porque se me dava em pleno também. A fantasia era real, eu era Dele e bastava-me isso. Servi-Lo com gratidão e esperar a recompensa no afago que agora me fazia no mamilo esquerdo, torcendo-o e olhando-me nos olhos sempre.
Depois levantou-se, enorme.
- Só te vens em orgasmo com consentimento dos Senhores, entendido? A última semana de cinto de castidade não foi à toa, escrava. – O Meu Dono sorriu com inocência maléfica. Eu sorri por dentro; o Meu Dono conhecia-me bem… e isso dava-me paz, a paz dos escravos, dos submissos, dos que servem.
- Sim, Meu Dono!
Ele levantou-se e caminhou na direcção da porta, tapando-me antes apenas com um lençol. Ficou acesa só uma luz de presença no quarto, difusa, relaxante. Ouvi a porta fechar-se e suspirei. Pensei em tudo e mantive-me serena, mas tentei aliviar a posição dos pulsos nas algemas da coleira. A corda no pescoço não me deixava um centímetro de margem para me mover acima do tronco. As pernas abertas faziam o sexo latejar. Tentei não pensar no que se seguiria, sabia que estava segura, com o Meu Dono na sala…
Passou-se muito tempo, talvez mais de uma hora, e em completo silêncio e quase escuridão, jazi, tranquila mas desejando que tudo acabasse depressa e o Meu Dono me afagasse a Seus pés. Era esse o momento em que a reconciliação com o equilíbrio acontecia, em que o Céu e a Terra voltavam ao lugar!
Ouvi a campainha da porta soar.
Reconstituí mentalmente os passos do Meu Dono em direcção ao hall de entrada, os cumprimentos cerimoniosos aos Doms amigos, a exposição das escravas pela nudez, coleiras e posição de quatro. O ritual da submissão à porta do Mundo, da entrega no servir.
Imaginei tudo sem saber o que acontecia.
Ouvi vozes na direcção da sala e depois a porta do frigorífico na cozinha, gelo nos copos – a hora dos whiskies.
Mas o som das pedras de gelo aproximou-se mais e a porta abriu-se, dando passagem ao Meu Dono com um whisky generoso na mão direita.
Ficou do lado esquerdo da cama, a olhar-me.
Depois, sem falar, destapou-me atirando o lençol para os pés do leito. Ficou a olhar-me, Dele… Eu senti apenas, sem pensar. Calmamente. Em paz… Não O iria desiludir.
- O que és tu, submissa?
- O Seu objecto de prazer, Meu Dono.
- Que és tu, escrava?
- A Sua cadela para O servir e Lhe dar prazer, Meu Dono.
- Que és tu, cadela?
- A Sua escrava, Meu Dono.
- Não te esqueças disso!
Encostou-me as costas da mão direita aos lábios e esperou que a beijasse. Assim fiz, com solenidade.
A escrava prestava tributo ao Seu Dono.
Ele saiu em silêncio.
Passou-se algum tempo em que só ouvi correntes a arrastar na sala e a dança dos cubos de gelo nos copos. Sabia que nenhum dos outros Senhores teria a mesma relação com as suas escravas como o Meu Dono tinha comigo - plena de dedicação mútua e num trabalho de equipa que nos tornava a ambos maiores e menores, dignos e serventes, justos e obedientes, a minha alma à imagem da Sua.
De repente a porta do quarto abriu-se e eu inspirei fundo.
Dois Dominadores rodearam a cama e apresentaram-se como DomX e DomY, avisando que os devia tratar por Meu Senhor, já que o Meu Dono não eram eles nem pretendiam ser. Que só me iriam usar!
Então…”

2 comentários:

Anónimo disse...

é uma fantasia de facto...

não sei se existirão em portugal 3 Doms q meressem realiza-la.

*

Anónimo disse...

Para quando a 2ª parte...?