quinta-feira, agosto 04, 2005

A Cor e as Saudades...

"Pálida, mas deixou saudades", disse ele na madrugada!
Do outro lado, alguém ficou feliz!
É sempre bom provocar saudades em alguém; torna-nos importantes, indispensáveis, procurados, queridos!
Nunca fui pálida e já deixei saudades...
"Hum, morena....." disse ele um dia no silencio da noite acabada de nascer.
A vida às cores - pálidos e morenos, acreditamos!
É bom causar saudades, faz de nós alguém atento a uma alma que gosta de ser desejada ao ponto das saudades, alguém que não se esqueceu do tom da nossa pele, que talvez a tenha beijado e tocado com fervor, ou só devorado com olhos de quem quer.
Quem acusa saudades nunca partiu...
Ficou lá pendurado num qualquer vértice, ansioso na espera, certo de voltar a chegar... Quem assim confessa a distância, mata o desejo no que diz esperando o retorno do que sente.
Ela, pálida, deixou saudades. Ele, saudoso, fá-la feliz!
A vida a cores.
A mentira pendurada no canto da boca...
A madrugada que se deita comigo, rendida!
"Hum, morena...!"


Dedicado a alguém que me fez voltar a acreditar!
E não o mereceu!
ML

4 comentários:

Anónimo disse...

«O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.» - Fernando Pessoa

Nalguns momentos, as pessoas incomparáveis deixam de o ser, apenas porque fomos nós que as recriámos e as tornámos no que são. «Trata as pessoas como merecem e...» Dói perceber que não adiantou tratar alguém como especial e ver um incomparável transformar-se em nada... Mas os momentos inesquecíveis não desaparecem e devem ser conservados como tesouros que são.

Estou triste. Porque tu estás triste. E por todas as outras pessoas de quem gostamos e que estão tristes também...

Anónimo disse...

Não procures deuses onde eles não existem, mas guarda um altar simbólico para aquilo que amas e para aquilo em que acreditas. Porque ninguem é um iluminado mesmo que tenha a casa cheia de candeeiros, não busquemos culpados a todo o custo antes de sabermos se há inocentes.
Da

Miss Libido disse...

Não há inocentes, mas todos defendemos a pretensão da inocência! Somos todos culpados! Uns por serem pálidos, outros morenos, mas outros por terem saudades! A maior culpa é fingir que não...
ML

Anónimo disse...

A decepção está sempre ao virar da esquina, pronta a pregar uma rasteira aos mais incautos ou menos atentos, aos fracos e aos enfraquecidos.
Quando tropeçamos já é tarde demais e já fizemos alguém ficar triste e decepcionado.
Ao longo da vida, tenho tropeçado e sido alvo de tropeções, mas acabo por me levantar de novo, para voltar a tropeçar numa qualquer esquina.
Ás vezes sinto vontade de pedir desculpa a mim próprio e àqueles a quem decepcionei, mas acabo quase sempre por não o fazer porque uma palavra não desculpa uma acção, ameniza-a, mas não a apaga.
Há situações onde o amenizar não chega...porque o erro vai continuar na memória.
Como diz a ML, todos somos culpados, porque todos somos diferentes.

Rafael - 13/08/2005