terça-feira, junho 28, 2005

- A PERDA DE TEMPO -

Odeio perder tempo!
Em adolescente, o Tempo parecia-me um riacho prestes a secar! Agora sinto que transborda, mas não me dá chance de o agarrar com ambas as mãos, bebê-lo num sorvo de ansiedade...
Sinto que perco tempo sempre que durmo, sempre que acordo, sempre que me dou, me entrego... O eco vem-me devolvido em surdina e não há nada lá - o vazio, o espaço, a eternidade, uma morte dissimulada, adiada!
Falei em entrega, sim...
O Tempo exige entrega, e nessa sou perita - mas vale a pena? Quem a mastiga e cospe não o merece... Quem não a recebe devia ser punido até ficar em sangue, com mil vergastadas dadas com ódio! Quem despreza uma entrega devia ser supliciado e condenado a eremita! Enganar quem se entrega, seja em que aspecto for, é bárbaro, desumano e causa danos...
Quem acredita na raça humana sofre todos os dias, e eu não estou imune porque sou gente com o coração do lado esquerdo! Há quem tenha coração apenas para preencher o espaço, compor o corpo, dizer-se inteiro...
Ninguem imagina como me dói ver gente a perder tempo, a desprezar quem a si se quer dar, a fazer da vida um "pret-a-porter" de tudo; usar e deitar fora; no strings attached; sem amarras... às vezes com um chicote na mão, outras vezes de joelhos...
Quando dou o pouco que tenho fico rica de uma sensação de plenitude, desde que seja bem entregue; quando mal recebido, fica um amargo na boca de que nunca se aprende a gostar, um azedume que... me obriga a perder tempo!
Como agora, talvez!
Como gostaria de estar enganada...
E de ter o coração do lado direito.....


ML

1 comentário:

Anónimo disse...

Nem sempre so o dar tras a plenitude. Estar e trocar, tambem tem bons momentos.
MAs o que da o coraçao esquerdo sempre e bom mesmo sem nada em troca porque troca nao precisa.
Mas atençao...
Tens tb o direito que te deem. De receber sem que nada tenhas dado...
Viver e uma soma de um todo de mil parcelas vividas cada uma a seu ritmo