segunda-feira, novembro 22, 2004

"No sentido macropsicológico, a homossexualidade é narcisista e, portanto,alimenta a solidão fundamental.Por mais avançada que esteja a nossa sociedade, montanhas de tabus e preconceitos ainda pesam sobre quem escolheu amar o mesmo sexo. Como é possivel ser-se feliz remando contra a corrente social?"


3 comentários:

Anónimo disse...

Do fim para o princípio. Se calhar a Felicidade está mesmo ali, ao virar da esquina, mas somos demasiado cegos para a toparmos. Se calhar somos demasiado exigentes conosco e com os outros, o que acaba por se espelhar na conduta deles em relação a nós. Se calhar, foi por termos tido pais que nos aplaudiam quando fazíamos bem e nos repreendiam quando fazíamos mal que esperamos aprovação de todas as nossas condutas. O que é o bem? O que é o mal?
Quanto à homosexualidade, esta não é somente amar o mesmo sexo. O conceito pode ser levado mais longe na medida em que amar alguém do mesmo sexo, passa por amar o seu próprio sexo e procurar o seu reflexo (o narcisismo) noutro.
Se isso leva à solidão fundamental, talvez se descubram casos de heterosexuais que vivem sós. A solidão é sobretudo uma forma de estar, uma escolha. É quando se perde o desejo de estar com qualquer outro, independetemente do sexo. Daí ser comum verificar-se que estamos muitas vezes sozinhos, queremos estar sozinhos... mas são raros os que querem estar sós.
De salientar que muitos comportamentos ditos desviantes pela sociedade em geral, são exactamente uma resposta do indíviduo á ameaça da solidão. A génese do gang e os rituais de passagem, por vezes brutais a que muitos jovens se submetem são exactamente isso, passaportes para terem companhia.
Essas atitudes serão mais ou menos normais, pelo grau de aceitação "da orbi"? Penso que não. Ao longo dos tempos a humanidade pode testemunhar rituais estranhos e complicados. Umm dos exmplos mais próximos da nossa cultura reside mesmo na igreja católica com o baptismo por água, ar e fogo, muito simplificados nos dias que correm, mas que não deixa de ser uma iniciação. Algo que será, muito provavelmente, inaceitável por um esquimó.
Tudo o mais é obra do nosso maravilhoso cérebro.
À laia de conclusão, acho que é perfeitamente possível ser feliz. A vida é um eterno baile de máscaras onde as virtudes públicas escondem os pecados privados. Gostamos de ter os nossos pequenos segredos. Não conhecemos ninguém que diga que é completamente feliz? Se calhar isso só quer dizer que conhecemos pouca gente. Não somos, nós mesmos, completamente felizes? A resposta está no primeiro parágrafo.
Experimentem pensar no assunto depois de malharem meia garafa de Loch Dhu.
E para terminar, uma citação daquele rapaz estranho que dá pelo nome de Nick Cave: "Remember that death is not the end..."

Ricardo Simaes disse...

Na minha opinião, a homossexualidade é tão narcisista como qualquer outra tendência sexual. No fundo, todas as tendências sexuais ou afectivas são eminentemente narcisistas, na medida em que são, na sua génese, hedonistas. Por muitas máscaras que possam usar.
Por outro lado, no que respeita à última questão, a chave da felicidade, ou falta dela, nunca se encontra na esfera do social, na esfera daquilo que é amplo. Encontra-se sempre no nosso círculo mais restrito. Não é a sociedade que amamos ou odiamos, são aqueles que estão perto de nós. Portanto, é possível ser feliz numa tendência que seja de uma forma generalizadamente reprovada. Ela tem é que ser aprovada pelas pessoas que estão junto de nós. São essas, e apenas essas, que contam.

Anónimo disse...

Ser feliz é uma acto isolado.
Só consegues a felicidade quando te julgas independentemente do pensar da "sociedade" ou dos medos que ela te impõe.
Só é feliz quem é livre de decidir por si, sobre si.