segunda-feira, novembro 06, 2006

A Minha Coleira!

Era uma vez..........

Faz hoje um mês que tive uma perda imensa na minha vida.
O meu Mestre estava lá e ajudou como pôde e soube, o melhor que pôde e soube... e agradeço-lhe!
Hoje, por razões profissionais, o meu Mestre esteve mais afastado de mim, embora tivessemos almoçado juntos. Aqui esteve um dia cinzento, mas não choveu na rua e nos passeios - só na minha alma, porque há perdas que não se recuperam num mês - às vezes nem numa vida.
Apesar disso, tentei não me mostrar triste para não desagradar o meu Mestre, que não merecia ter de se preocupar com os meus estados de alma...
Ao fim do dia o meu Mestre encontrou-se comigo de novo e eu pensava que não voltaria a sair, mas de novo por razões terceiras, teve de o fazer. Mas antes, teve uma surpresa para a sua escrava - uma fita preta para a coleira, prometida mas adiada.
A coleira do meu Mestre é importante para mim - significa o meu compromisso com a Verdade de que me digno ser portadora com o alguém tão especial a quem me entreguei; significa a minha entrega e, espero, a realização do meu Mestre enquanto se digna ajudar-me a crescer como submissa.
Talvez não tenha mostrado o bastante como fiquei feliz por o meu Mestre me ter brindado com a sua atenção, mas encheu-me os olhos e a alma. Mas fiquei mais triste por o Mestre ter de se voltar a ausentar e não consegui esconder a decepção... Então o Mestre deu-me uma tarefa a realizar que me ocupasse as horas de afastamento e confinou-me de forma a não me esquecer dele, com orientações precisas. E eu falhei...
Assim que saiu, movida pela tristeza, quebrei os limites e decidi sozinha as minhas horas de solidão; depois liguei ao Mestre e contei tudo, arrependida. Pedi perdão. Mas também confessei os meus motivos sem que ele pudesse ver os meus olhos molhados. As escravas também falham, porque as escravas também são gente.
O Mestre avisou que chegaria em breve.
O Mestre mandou-me repor as ordens por ele dadas para que quando chegasse, visse o seu universo com a sua escrava como ele o desejou.
Cumpro a ordem dele neste texto e baixo os olhos, envergonhada por ter falhado.
E a seguir, reporei as algemas do Mestre, libertando a alma!
Hoje nao perdi nada, ganhei muito mais do que tinha ao acordar.
Obrigada Mestre.

Olhava-o de baixo, nu e molhado, a escorrer pingos ensaboados pelos pêlos das pernas.
O meu cabelo pingava e era dificil manter os olhos abertos.
Tentava não olhar o seu rosto, desviava o meu olhar, entre água e o frio da banheira gelada.
Ele era enorme e eu insignificante a seus pés, e sentia exactamente isso e só sentia calor na alma. Olhava-o de baixo para cima e bebia gotas de água cospidas pelo chuveiro fixo na parede. Um gigante de pernas grossas. O sexo que me dominava tantas vezes às suas ordens. Os ombros largos. Uma obra de Rodin...
Queria tocá-lo, mas o silêncio não deixava, e fiquei ali como esponja a apanhar os restos da falsa chuva.
Calor na alma e frio nos mamilos entumescidos e femininos.
Devagar, nas suas costas, sem saber se devia arriscar um ímpeto sem ordem, deslizei para mais perto dos seus pés e arrisquei encostar a cabeça à sua perna esquerda, à altura do joelho.
O homem não vacilou sequer, antes girou o tronco e olhou de cima o pequeno cachorro à procura de calor, devagar como um girassol no prado.
Um momento parado no tempo.
Fiquei assim algum tempo, submissa ao toque molhado do Mestre no corpo do homem.
Era uma manha de Domingo.
Fui feliz!

5 comentários:

Anónimo disse...

Na vida perde-se e ganha-se. Há perdas difíceis de superar mas o tempo, sempre o tempo, que por vezes queremos q passe depressa e outras vezes queremos q demore uma eternidade, acabará por acalmar a tua dor.Beijos grandes de uma amiga que estando temporariamente ausente do teu espaço permanecerá durante o tempo q quiseres.

Anónimo disse...

Um texto muito intenso e muito belo, como o são todos os que escreves com as emoções à flor da pele...
Sentir tudo isto, e com esta intensidade, já é tanto, que as perdas devem ficar, não apagadas, mas, pelo menos, adormecidas...
Um beijo...

Sergio C. disse...

...tenho imensa pena de não poder partilhar o teu deslumbramento ...

Sorry !!

bound[PL] disse...

Gostei muito da maneira como descreves a tua submissao.. como diz a DarkPrincess, com as emoçoes à flor da pele!:)

Shakta disse...

Apenas pra dizer que te admiro, a descriçao do teu sentimento, neste e noutros textos, o meu coraçao sentiu a tua dor por um segundo infinito, tens uma essencia lindissima e unica.Força Miss!