Em conversa simpática com um amigo, dei comigo a tentar explicar este universo paralelo onde as diferenças se querem todas e as semelhanças nenhumas com o paraíso dito “baunilha”....
Foi terrível a descoberta!
Dei comigo a titubear alegorias, mas a verdade é que há poucas diferenças, embora aparentemente não existam pontos de contacto...
A confiança é a palavra-chave, em qualquer das situações – embora o “namoro” decorra em situações e tempo real bem diversos, por imperativo condicional. Mas a corte e o enamoramento começam do mesmo modo, pedem-se os dados, tentam-se descobrir afinidades comuns, descobrem-se objectivos paralelos, enfim.... tudo semelhante.
Depois, a imagem – o poder, o valor, a importância da imagem!
Raras vezes o aspecto é descurado neste flirt que, geralmente, é virtual, mas nem assim deixa ao acaso o aspecto visual do “encontro”! Ainda que ninguém admita, o aspecto é muito importante, embora aqui, no reino do BDSM, tenha outra componente, porque os valores estão invertidos. Um aspecto duro e implacável poderá surtir melhor efeito cativador do que um mero olhar complacente, dependo da posição do seu detentor, claro... Mas na verdade, o poder do aspecto é ainda decisivo também aqui... para o Bem e para o Mal!
Segue-se a troca de objectivos que, também eles, são semelhantes senão iguais, a saber: em ambos os universos, além de se perseguir “uma certa felicidade”, quer-se a mesma com tudo a que temos direito. Há sempre quem domina/ cabeça de casal, e quem é dominado/a outra parte – personalidade oblige, e em nome da tal felicidade tudo é permitido... Procura-se a “estabilidade emocional” – no reino baunilha, através de consonância perfeita entre as partes (tantas vezes apenas superficial), e no reino BDSM dando e exigindo aquilo a que temos direito – a partilha!!!!
Fidelidade! A fidelidade/exclusividade do submisso ao seu Dom e do casal baunilha entre si – em ambas as situações falha redondamente as mais das vezes, mas as teorias são por isso mesmo teorias...
Num período de salvação, surgem as tentativas desesperadas para reavivar a ligação – na “vida real” são sexólogos, psiquiatras e conselheiros, o procurar de novo alento em sexo alternativo ou incluindo no casal novos elementos; no outro mundo, é o swing no BDSM – o cansaço disfarçado de novidade!
E, obrigatoriamente... a traição! Quer entre o casal baunilha, quer entre Dominador e submisso, quando as partes não cumprem o estipulado e a confiança se parte em estilhaços malditos! O adultério! A que se segue o divórcio, nem sempre consensual, nem sempre bem-aceite, porque quase nunca pretendido – as dores da separação, o devolver da coleira, da aliança benzida, que também podem ser os “meus discos e livros”, ou o anel com a letra do Dono comprado em Londres!
A dôr! A muita dôr! A estabilidade que se esvai e o vazio que fica....
Contratos e exigências mil (nada de pvts sem autorização do Dono são os ciúmes doentios do homem do talho!) no BDSM, substituem ainda uma licença de casamento e as contas bancárias com duas assinaturas pois a estabilidade rodeia-se de falsas seguranças...
Consensualidade? Em ambos os casos - senão é violência gratuita, violação, etc.... Segurança? Nem sempre o é, mas na comunidade baunilha atira-se ácido à cara de quem nos rejeita!
Sadio? Aqui é que me demoro mais... Curiosamente, acho que é apenas aqui que as coisas mudam e muito!
Ninguém tem de estar casado ou de namorar, se não o quiser. A velha máxima de alguém não se poder divorciar por causa dos filhos ou da herança está completamente desacreditada, por ser irreal...
Mas no BDSM há quem tenha de ser Dominador ou submisso. E se o é por instinto de necessidade emocional (ou até fisica), isso só pode ser bom, sadio e dar-lhe estabilidade e paz – uma designada “felicidade!”....
Recentemente, um Dominador de forte personalidade e muito realizado neste contexto, dizia-me “Eu preciso disto para funcionar bem no dia-a-dia!”... São muitos os casos em que se é o que se tem de ser neste mundo; espero que no BDSM sejam a maioria. Sadio é que cada um saiba que faz o que quer, quando quer, porque o sente imperativo e o satisfaz. Tudo o resto são as plumas e as lantejoulas que douram uma mesma realidade... As empatias não se justificam! Importante mesmo é ser feliz! Forçoso mesmo é sentir!!!! Em paz...
ML
"TODOS SÃO CAPAZES DE DOMINAR UMA DÔR, EXCEPTO QUEM A SENTE!" William Shakespeare
domingo, janeiro 16, 2005
terça-feira, janeiro 11, 2005
Vem cá!
- Vem cá!
Ela foi em tímidos passos de concubina iniciada na vontade.... O Dom esticava uma mão aberta e ajudou-a a ajoelhar à sua frente. Ela tinha os olhos baixos e a boca entreaberta, como sabia ser a sua condição – submissa!
Ele mexeu-lhe no cabelo, depois de lhe pôr as mãos atrás das costas. Ela entrelaçou os dedos pelos nós, e não reagiu mais... Sentia-se calma e ansiava por agradar. Sentia-se... e isso era tudo. Os poros abertos, a respiração sob controle, a transpiração sem excessos, o sexo a latejar como o coração de um bebé antes de acordar. O cheiro! No ar, o cheiro profundo e virgem de quem se dá – ele e ela. A espera, em silêncio amachucado como um lenço mastigado na mão apertada. O silêncio que faz ouvir o vento contra a janela, o vidro que reflecte dois corpos num só. O Dom e a submissa – e a entrega. Poderosa combinação que tudo pode, porque tudo tem!....
Ela foi em tímidos passos de concubina iniciada na vontade.... O Dom esticava uma mão aberta e ajudou-a a ajoelhar à sua frente. Ela tinha os olhos baixos e a boca entreaberta, como sabia ser a sua condição – submissa!
Ele mexeu-lhe no cabelo, depois de lhe pôr as mãos atrás das costas. Ela entrelaçou os dedos pelos nós, e não reagiu mais... Sentia-se calma e ansiava por agradar. Sentia-se... e isso era tudo. Os poros abertos, a respiração sob controle, a transpiração sem excessos, o sexo a latejar como o coração de um bebé antes de acordar. O cheiro! No ar, o cheiro profundo e virgem de quem se dá – ele e ela. A espera, em silêncio amachucado como um lenço mastigado na mão apertada. O silêncio que faz ouvir o vento contra a janela, o vidro que reflecte dois corpos num só. O Dom e a submissa – e a entrega. Poderosa combinação que tudo pode, porque tudo tem!....
DEDOS E ROSTOS
A manhã acordou-nos,
acordados.
De mãos dadas com o amor que fizemos,
lavamos sexos e almas,
enxugamos os dedos
e secamos os rostos.
Vermelhos, raiados por sangue quente,
os olhos eram as testemunhas que restavam!
Da luta ficou o nome
e lençóis revoltos em mar de Inverno.
Depois da manhã,
a tarde tocou-nos no ombro
- aos dois -
e a vida nunca mais foi a mesma.
Entre silêncios
decidimos escolher o sorriso.
Não havia nada a dizer, a fazer, a ver...
porque o Amor é cego!...
ML
acordados.
De mãos dadas com o amor que fizemos,
lavamos sexos e almas,
enxugamos os dedos
e secamos os rostos.
Vermelhos, raiados por sangue quente,
os olhos eram as testemunhas que restavam!
Da luta ficou o nome
e lençóis revoltos em mar de Inverno.
Depois da manhã,
a tarde tocou-nos no ombro
- aos dois -
e a vida nunca mais foi a mesma.
Entre silêncios
decidimos escolher o sorriso.
Não havia nada a dizer, a fazer, a ver...
porque o Amor é cego!...
ML
domingo, janeiro 09, 2005
Dominação e submissão
(...)“Dominação e submissão, ou D/s, ou D&s, é a base subliminar de todos os jogos que fazemos. Quer as nossas actividades incluam role-play, bondage, disciplina, humilhação, chicoteamento ou seja o que for, os nossos jogos de BDSM implicam sempre uma pessoa a controlar a outra. Normalmente adquire a forma de controle sexual, embora o sexo não tenha forçosamente de fazer parte dos nossos cenários. D/s é uma troca de poder entre parceiros, uma pessoa a submeter-se à vontade da outra.
O apelo para o submisso é a liberdade de “se deixar ir”. Toda a gente se defronta com impedimentos e bloqueios quando a experimentar prazer. Para um submisso, a maior parte desses obstáculos desaparece ao dar ao seu dominador o poder de controlar o que se passa em determinado cenário. O seu objectivo estreita-se e o submisso deixa de estar sózinho num universo hostil - o submisso sente-se ligado ao seu dominador. Não tem de se descobrir sozinho, ou preocupar-se com uma boa performance, ou sentir-se a competir. O seu dominador está em controle da situação – tudo será como ele quer que seja. O submisso não é responsavel por nada mais além de fazer o que lhe é ordenado. É livre de se deixar ir até onde o seu Mestre, a sua mente e o seu corpo o levarem. A sua moral deixa de ser um obstáculo, está sob a influência da moral do deu dominador. As suas inibições desaparecem e descobre novos caminhos em si quanto a experimentar o prazer. Para ser capaz de “se deixar ir” completamente terá de confiar cegamente no seu Senhor. Ganhar essa confiança é um dos benefícios da relação D/s. Ser capaz de confiar tão completamente é um maravilhoso dom...”
“Screw The Roses, Send Me the Thorns – The Romance and Sexual Sorcery of Sadomasochism”
Philip Miller / Molly Devon (1995)
O apelo para o submisso é a liberdade de “se deixar ir”. Toda a gente se defronta com impedimentos e bloqueios quando a experimentar prazer. Para um submisso, a maior parte desses obstáculos desaparece ao dar ao seu dominador o poder de controlar o que se passa em determinado cenário. O seu objectivo estreita-se e o submisso deixa de estar sózinho num universo hostil - o submisso sente-se ligado ao seu dominador. Não tem de se descobrir sozinho, ou preocupar-se com uma boa performance, ou sentir-se a competir. O seu dominador está em controle da situação – tudo será como ele quer que seja. O submisso não é responsavel por nada mais além de fazer o que lhe é ordenado. É livre de se deixar ir até onde o seu Mestre, a sua mente e o seu corpo o levarem. A sua moral deixa de ser um obstáculo, está sob a influência da moral do deu dominador. As suas inibições desaparecem e descobre novos caminhos em si quanto a experimentar o prazer. Para ser capaz de “se deixar ir” completamente terá de confiar cegamente no seu Senhor. Ganhar essa confiança é um dos benefícios da relação D/s. Ser capaz de confiar tão completamente é um maravilhoso dom...”
“Screw The Roses, Send Me the Thorns – The Romance and Sexual Sorcery of Sadomasochism”
Philip Miller / Molly Devon (1995)
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