domingo, outubro 24, 2004

“Xi, Toto, acho que já não estamos no Kansas!”

“Por aqui, sigam-me a descer a escada. Cuidado onde põem os pés e segurem bem alto a vossa tocha... isso. Devia ter-vos dito para trazerem uma camisola, pode ficar bem frio lá em baixo. Não deixem que os ruídos vos distraiam, as paredes de pedra distorcem tudo. Bem, sim, daqui ouve-se algo parecido com um grito. Por favor ignorem-no, não tem nada a ver convosco. Deixem-me falar-vos um pouco daquilo que fazemos aqui.
Os habitantes e visitantes do mundo do Sadomasoquismo são facilmente confundidos com gente intimidada e confusa como aquela em quem a Dorothy tropeçou em Oz. A sua viagem pela Estrada de Tijolo Amarelo ensinou-a que as pessoas têm as mesmas necessidades e sentimentos estejam onde estiverem. Mesmo o magnífico e aterrorizante Feiticeiro de Oz revelou ser não mais do que um simpático velhote com um gosto particular por efeitos especiais.
Os Sadomasoquistas são um pouco como o Feiticeiro. Nós gostamos de projectar imagens aterradoras e de activar brinquedos estranhos, mas quando nos atiram para o caldeirão e nos cozinham, descobrem que somos apenas gente simples que tem um caso de amor com a fantasia. O SM pode não ser certo para toda a gente, assim como a sexualidade humana pode ser expressa em muitas nuances. Acreditamos que nenhuma forma de sexualidade que alimenta o espírito é menos legítima do que qualquer outra. Quer se viva numa Cidade Esmeralda ou se debata numa masmorra, não há sítio como a nossa casa.
Aqui estamos, e eis as nossas celas aprisionadoras. Sentem-se naquela laje. Agora vou deixar-vos nas mãos cpazes dos nossos anfitriãos. Divirtam-se! Oh, não estejam tão nervosos, cuidaremos bem de vocês... e do vosso cãozinho também!”

“Screw the Roses, Send Me the Thorns – The romance and sexual sorcery of Sadomasochism” (1995)

Philip Miller, Molly Devon

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