domingo, fevereiro 07, 2010

"O tempo de dizer a vida é breve

O tempo de viver há quem o diga

Só espera o diabo que o leve

O tempo tem mais olhos que barriga..."

*

(Pedro Malaquias / Susana Félix e Renato Jr)






Assim é, fiz uma pausa no Tempo, aqui...

Porque teve de ser e não voluntária.

Porque a Vida é enorme, um polvo de muitos braços que nos puxa e nos leva onde nem sempre queremos ir, contrariados.

Fiz um espaço na linha contínua do Tempo, aqui, mas estive sempre cá; mas em silêncio por dentro e por fora, que às vezes fala mais que milhões de sílabas e ditongos.

Sempre a crescer, amadurecer, envelhecer - e o Tempo, que o Diabo às vezes não leva depressa e outras surrupia como ladrão atrevido.

A relatividade.

Precisei de estar em silêncio, como numa catedral, a sentir apenas a corrente de ar dos vitrais mal calafetados de outras eras bater-me na nuca, e os incensórios reluzentes penderem junto aos púlpitos laterais. O frio das catedrais que nos mantém vivos, atentos, desconfortáveis, mas despertos, à procura dum acalento que não sabemos se surgirá, mas olhamos sempre para cima. Pelo menos eu olho.

Como enquanto ajoelhada a um Dominador levanto a cabeça para o olhar, à procura do que não tenho e preciso tanto que me dê...

Falo dessa pausa e dessa religiosidade em silêncio e dessa busca e desse crescer.

No fundo, talvez nem me esteja a fazer entender, mas quero acreditar que sim - somos muitos a precisar de vitrais e ar frio na nuca, por aí...




2 comentários:

Foxy disse...

Lindo


Arrepiei-me


a eloquência de quam sabe mexer com as palavras


especial

naodigo disse...

Tanta fita...

Isso é falta de qq coisa...

p.s. é verdade, não tenho nenhum sentido poetico :P

Shortbow