"O tempo de dizer a vida é breve
O tempo de viver há quem o diga
Só espera o diabo que o leve
O tempo tem mais olhos que barriga..."
*
(Pedro Malaquias / Susana Félix e Renato Jr)
Assim é, fiz uma pausa no Tempo, aqui...
Porque teve de ser e não voluntária.
Porque a Vida é enorme, um polvo de muitos braços que nos puxa e nos leva onde nem sempre queremos ir, contrariados.
Fiz um espaço na linha contínua do Tempo, aqui, mas estive sempre cá; mas em silêncio por dentro e por fora, que às vezes fala mais que milhões de sílabas e ditongos.
Sempre a crescer, amadurecer, envelhecer - e o Tempo, que o Diabo às vezes não leva depressa e outras surrupia como ladrão atrevido.
A relatividade.
Precisei de estar em silêncio, como numa catedral, a sentir apenas a corrente de ar dos vitrais mal calafetados de outras eras bater-me na nuca, e os incensórios reluzentes penderem junto aos púlpitos laterais. O frio das catedrais que nos mantém vivos, atentos, desconfortáveis, mas despertos, à procura dum acalento que não sabemos se surgirá, mas olhamos sempre para cima. Pelo menos eu olho.
Como enquanto ajoelhada a um Dominador levanto a cabeça para o olhar, à procura do que não tenho e preciso tanto que me dê...
Falo dessa pausa e dessa religiosidade em silêncio e dessa busca e desse crescer.
No fundo, talvez nem me esteja a fazer entender, mas quero acreditar que sim - somos muitos a precisar de vitrais e ar frio na nuca, por aí...
2 comentários:
Lindo
Arrepiei-me
a eloquência de quam sabe mexer com as palavras
especial
Tanta fita...
Isso é falta de qq coisa...
p.s. é verdade, não tenho nenhum sentido poetico :P
Shortbow
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