sábado, junho 20, 2009

O "verdadeiro" BDSM - take II


Começo por pedir desculpa de andar arredada daqui, mas a recuperação de uma cirurgia, o meu aniversário, família e amigos a visitarem-me e a apoiarem-me, etc... deixaram pouco tempo para tanta coisa a fazer... o que agradeço.


Fiquei de comentar o texto de JoãodeAviz e não me esqueci.
O "verdadeiro" BDSM.

A permissa do mind code obrigatório e dress code opcional em certos eventos do Projecto Dominium em que me incluo tem tudo a ver com o texto - ou seja, o que é verdade/verdadeiro ou não, tem de ser interior e não exterior.

A cena de "o hábito faz o monge" não é de todo verdade - por exemplo, a menina que começa a ver sites de BDSM sem nunca antes ter sequer sabido que essa vertente complementar erótico sado/maso existia e se deixa fascinar pelo glamour do outfit, compra umas roupas e decide ser Domme (exemplo apenas) começa por ser um role-play que, a meu ver - não encerra qualquer laivo de BDSM mas sim uma representação de uma fantasia "externa" a uma necessidade de ser admirada no tal palco das vaidades. Será legítimo, mas as roupas não dão alma aos actos; poderá evoluir até um ponto em que efectivamente sinta que já não consegue despir a roupa, a personagem, mas isso imprime na alma a necessidade inata de ser Dominadora? Este é um ponto, para mim, entre o verdadeiro e o não-verdadeiro - ambos legitimos, desde que sirvam às pretensões das partes envolvidas.
Mas há outros contextos.

A importância da diferença de mentalidade entre países/gente - logo, maneiras de pensar e agir, é determinante nas causas/efeito em qualquer actividade, postura e o BDSM não é excepção. Efectivamente Portugal e os Portugueses são país e gente de brandos costumes e jamais terão uma postura extrema ao nível de uma Alemanha ou Reino Unido, até mesmo Espanha onde, por exemplo, o snuff, é prática corrente no "mercado negro". Aqui, brincamos mas não abusamos - passe a expressão - e talvez por isso, os dois subs mais hard que temos em Portugal tenham sido várias vezes convidados para servirem Doms/Dommes estrangeiras... Ou que já tenha ouvido um Dom Português dizer "acho que em Portugal não há uma sub suficientemente hard para mim!". Ora, isto trata de efeitos/consequencias nas práticas extremas e não de se ser melhor ou pior! São excepções a um padrão moderado de estar, também no BDSM e, francamente, no que me toca, denota bom-senso!

Sei de casos fatais de BDSM na Espanha e GB, por exemplo (fora os que são abafados) por uso e abuso de "vale tudo menos tirar olhos"... Ser praticante de BDSM, precisar de BDSM, gostar de BDSM, não significa ser herói (estão todos mortos ou presos), parvo ou ilimitadamente irracional.

Ou seja, não - o que se faz lá fora é que é bom é um perfeito cliché mofento e ultrapassado, mas, se me disserem, gosto da liberdade individual que se sente nos eventos fora de Portugal, isso eu compreendo, porque efectivamente os Portugueses são muito contidos e geralmente "envergonhados" mesmo que se finjam liberais, libertos e livres; não é defeito é genética pura, está na maneira de ser da raça! E não é defeito, é como é. Há povos bem piores e bem mais soltos e isso nao desiquilibra o Mundo.

Pegar no que se faz em eventos lá fora e nas práticas privadas em que há uma maneira de estar muito diferente da nossa e adaptar à nossa realidade é uma coisa, desde que se preserve a identidade e o que somos e o que sentimos e o que queremos - mas não vestindo um tamanho S num corpo XL, o que é no minimo ridiculo!

Mas eu não acredito nisso, as mentalidades mudam com o Tempo e o que nos circunda e este país continua a falar de sexo às escondidas, a ser católico da forma mais hipócrita que já vi (sem ofensa aos católicos) e a cercear subrepticiamente as Alternativas. Um exemplo - quando há 4 anos, se fez um grande evento Alternativo em Lisboa, o Editor de uma conceituada revista portuguesa escreveu no Editorial "fomos ver e gostamos, mas eles que continuem a fazer o que fazem atrás dos panos!"
É preciso dizer mais?

1 comentário:

Foxy disse...

Ah bem, gostam mas atrás dos panos?
Não foram forçados a ir, que não fossem a mais nenhuma, o Bdsm não lhes entra pela porta da casa dentro!
Eu odeio futebol, ele dá na tv e eu mudo de canal, mas não fecho os estádios.... enfim, tesourinhos deprimentes....

O resto sim, concordo, concordo principalmente que no estrangeiro se vive mais liberalmente!

Sem medos da opinião alheia!

mesmo em meios Swingers existe quem não se liberte com medo dos apelidos "puta, andou com este e aquele" mas usam-nos para caracterizar quem vive a vida sem receios e há-de ir desta para melhor consoladinho!

Melhor, assistimos a blogs liberais de casais, ou delas, descrevendo aventuras e há sempre o típico retorcido invejoso a comentar destrutivamente!

(mas destes sabemos o real motivo....)

Uma mentalidade que por vezes me cansa, mas que também evito contactar!

Sabe tão bem gozar!!!!!