sábado, julho 01, 2006

Um submisso quer-se sentir especial, servindo...

Quando me perguntam porque um Dominador domina um submisso, invariavelmente costumo responder "Porque pode, porque lhe é dado esse poder!..."
Mas nunca me perguntam porque serve um submisso.

Suponho que um submisso serve a um Dominador, uma escrava a um Dono ou uma kajira a um Mestre, porque depois de conferido esse poder, passam a não ter alternativa; por outras palavras, um submisso serve porque não pode evitar de se dar, dando!
Assim sendo, define-se uma relação de reciprocidade, de feed-back, que acaba por ter apenas um objectivo - ambos se fazem especiais, dando e recebendo numa entrega diferente, mas que não deixa de ser entrega mútua.
O submisso sente-se especial por ter quem lhe receba a entrega e o Dominador sente-se especial não só por ser "o tal" no horizonte do submisso mas também por ter uma alma na mão que pode moldar, assim consiga.
É assim que eu vejo a dualidade Dom/sub, Dono/escrava, Mestre/kajira.

O facto de a relação D/s ser especial só acontece quando ambos se sentem escolhidos e nenhum dos dois dispensável, senão a entrega é falsa, de ambos os lados às vezes.
É como manter um carro ou uma amante - fácil de ter mas difícil de manter...
A manutenção de uma entrega (ou duas, como defendo) passa sempre pela tomada de consciência de que uma entrega ou/e uma alma (ou ambas) é que tornam a relação especial, não o complemento directo da causa, os actos.
Um submisso que se entrega brevemente para uma prática nao é menos submisso, mas a sua entrega é perene e não chega (na maioria dos casos) para o Dominador se entregar igualmente, como o entendo...
E um e outro dos lados é que fazem a equação resultar - eu só sou especial se a minha entrega for especial; preciso de alguem que ampare a minha entrega e a faça unica, senao seria facil dar-me repetidamente a Dominadores vários e não procurar "o tal", nem desperdiçar a minha entrega. Por outro lado, o Dominador tem de se sentir o unico detentor da entrega do submisso, senao sente que não é especial e a relação D/s nao faz sentido; o Dominador tem de sentir que a entrega lhe é dirigida e nao partilhada, o que o banalizaria e vulgarizaria.

Todos queremos os nossos 15 minutos de fama, mesmo sem consciência do facto.
Os submissos sentem-se especiais ao elegerem o seu Dominador o tal, o único... quem sentem ser capaz de receber a entrega, por ser... especial.
Os Dominadores devem sentir-se especiais porque num universo de chavetas abertas, foram eleitos e são agraciados com a Verdade total - dos sentidos, das palavras, dos actos, da entrega!

E se isso nao chega, não há, decididamente, muito a fazer...

4 comentários:

Anónimo disse...

Exactamente, querida eva.

Neste nosso mundo tão mesquinho e tão vil, a dádiva recíproca entre Senhor e escrava está em que ambos se enobrecem.

Muitos beijos (entre os quais um de Senhor a escrava, se me quiseres dar esse direito).

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

A meu ver parece-me irrelevante se é o/a sub, escravo/a ou kajira/u que pede a coleira ao Dom/me,Dono/a ou Master/Mistress ou se é Ele/a que a dá. Se um pede e outro dá, se um a oferece e o outro aceita é porque em qualquer dos casos há desejo de encetar uma relação D/s ou M/s em que ambos são especiais um para o outro pois ambos foram eleitos e escolhidos por um processo de selecção de ambas as partes. Julgo que isto é que torna cada relação D/s ou M/s verdadeiramente única e especial(embora possa não ser necessariamente exclusiva).

BADKITTY

Anónimo disse...

Caro Mendreas,

O meu nick escreve-se BADKITTY (certamente também não gostarias que se referissem a ti como mendreas ou mendreaS, comigo é a mesma coisa). Formalidades ortográficas à parte estou de acordo contigo. "Um sub/escrava(o)/kajira pedir uma coleira? Onde já se viu isso?? A ideia para mim é no minimo aberrante, contranatura." Não seria tão extremista chamando-lhe “aberrante” e “contranatura” (embora compreenda o que queres dizer) porque já me aconteceu ter subs a pedirem a coleira manifestando um profundo desejo de serem meus e não apenas de me servirem. Esses que o fizeram queriam mesmo ter o sentimento de pertença veículado pelo uso da dita. O mais comum porém é ser eu dar a coleira a quem eu entender que quero dar. Todavia ter um sub a dizer que me quer pertencer e manifestar esse desejo dizendo que quer uma coleira não me incomoda desde que ele o faça pelas razões certas e válidas.

BADKITTY