sexta-feira, outubro 12, 2007

"De onde me chegam estas palavras?
Nunca houve
palavras para gritar a tua ausência
Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as
tuas
E os teus olhos não eram maisque um lugar escondido
onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.
E não havia um
nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.
Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
Acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus
dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na
madrugada
uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio
quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus
cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua."
Joaquim Pessoa

Sem comentários: