Ele fez a viagem de três horas de comboio, a pensar recorrentemente em desaguar na boca dela!
Pensava em tudo e dormitava de seguida.
Sonhava sonhos de Dominação e submissão e suspirava na espera.
Encolhia-se mais no banco, mas de seguida corria ao bar para um cigarro ansioso e nervoso.
Voltava ao assento já com o seu formato e tentava imaginar como estaria ela hoje vestida - de saia de certeza, pois adorava agradar-lhe; sem roupa interior, pois era uma regra; talvez maquilhada, talvez não... Ela pedira-lhe para o surpreender e ele acedera na surpresa. Agora achava - como na altura - que a devia ter obrigado a contar o que magicava para ele... Tarde demais... Teria de esperar. Mais ainda - em três horas intermináveis de uma cadência certa e entorpecedora.
Tentava dormitar e não conseguia...
Irritava-se sem mostrar, enrugando apenas a testa - ninguém ao lado imaginando o encontro que se aproximava nos carris...
Sabia o que lhe queria fazer.
Primeiro, desaguar-lhe na boca a língua hirta em espirais de semanas de presença ausente, com muita saliva de desejo e as mãos no sítio certo...
Depois...
Finalmente adormeceu!
Ela esperava-o no carro.
Fumava com curtos intervalos e via-se ao espelho e alinhava a roupa.
Ela desejava que ele desaguasse inteiro primeiro na sua boca.
Mais tarde, outros rios se juntariam ao mar, numa foz espraiada.
Agora, bem acordada e excitada com a espera, contava os minutos e tentava distrair-se e não pensar nos jogos que o fim-de-semana lhes preparara na imaginação.
Tinha a libido ainda encharcada da boca dele e deu consigo a tocar a saia no meio das pernas.
Olhou de novo o espelho retrovisor.
Em redor um e outro carro com ocupantes à espera dos viajantes da noite.
Ela sózinha no carro, à espera.
Ele à espera, sozinho no comboio.
Torrentes de lava separadas, a começarem a ebulição, para que o desaguar fosse mais quente ainda, mais célere ainda e que a boca dela o recebesse como a um vulcão!
1 comentário:
na sede que a ausencia traz, o oasis dos encontros....
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