Ando afastada daqui e da vida e de mim e dos amigos.
Peço desculpas a todos!
Descobri que na vida tudo o que se pode fazer é tentar!
Nesta fase da minha existência, tento sobreviver - primeiro porque sou cobarde demais para desistir, depois porque"viver é preciso!"
Ultimamente, descobri que as dores são todas iguais, independentemente da causa - o efeito é que doi, lateja como membro decepado por uma lamina afiada! O membro vai-se mas a vontade de o mover está no cérebro e é ele quem comanda os actos, reflexos ou nao!
A minha dádiva ao Mundo não é reflexa - é um prazer dar-me e um prazer receber o amor e o carinho e as dádivas de gente e gente e mais gente! Quando me dão ódio e mentira e desonestidade, morro um pouco e de cada vez doi mais!
Escusado fingir que ando feliz!Não ando, e os meus leitores/amigos/críticos que me ajudam aqui nas horas boas e más a dizer k existo, sabem-no certamente!
Desta vez, a desilusão foi na prática de BDSM, nas entregas que não têm retorno, mas se fosse na vida de todos os dias era igual
Uma dor é sempre uma dor!
A da chibata desaparece com agua e sal.
A da vida nunca passa, nunca cicatriza!
Peço desculpas, porque lamento ter-me dado demais a quem nunca me quis ter e por isso ter roubado aqui um pouco do que vos era devido! Lamento deveras...
Tudo o que se pode fazer é tentar!
E eu sem duvida que me esforço de verdade para ser uma pessoa melhor!
Porque os seixos rolam para o mar e perdem-se ai na maré!
Para sempre!
4 comentários:
Não, eva, não!
Primeiro: desistir é que seria cobardia. Coragem é viver.
Segundo: é verdade que a dor da vida nunca passa, mas não é verdade que nunca cicatriza. Cicatriza, sim. Depois o que dói já não é a ferida, é a própria cicatriz. E mesmo essa dor acaba por se entrelaçar de tal maneira com o dever/prazer de viver que fica a fazer parte da nossa felicidade.
Acredita em mim, falo por experiência própria.
Terceiro: a dor é sempre uma dor, mas as dores não são todas iguais. A da chibata passa, a da vida permanece, mesmo cicatrizando. A dor pior é a de alguém responder com ódio ao nosso amor, com mentira à nossa verdade, com desonestidade à nossa entrega. O mal que nos fazem não depende de nós, depende de quem o faz, infelizmente; mas depende de nós sermos vítimas ou não.
Mais uma vez falo por experiência própria: já me fizeram muito, muito mal, mas até agora nunca fui vítima de ninguém. Podes dar-te como escrava, podes dar-te como submissa, mas nada neste mundo te obriga a dar-te como vítima.
Quarto: O BDSM é apenas um formato que podes dar às tuas acções, mas que também podes deitar fora sem pena nem saudade. Pode ser que de futuro nunca mais te submetas a ninguém; mas se te submeteres não precisas do BDSM para nada. Decide tu: terás sempre quem te apoie.
Quinto: os seixos perdem-se na maré, mas não para sempre. A ti, desejo-te «que te saibas perder para te encontrar», como no poema de Florbela Espanca (que sabia bastante destas coisas).
Para ti, um poema de Florbela Espanca:
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
...e outro de Camilo Pessanha:
Singra o navio. Sob a água clara
Vê-se o fundo do mar, de areia fina...
- Impecável figura peregrina,
A distância sem fim que nos separa!
Seixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuamente cor-de-rosa,
Na fria transparência luminosa
Repousam, fundos, sob a água plana.
E a vista sonda, reconstui, compara.
Tantos naufrágios, perdições, destroços!
- Ó fúlgida visão, linda mentira!
Róseas unhinhas que a maré partira...
Dentinhos que o vaivém desengastara...
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos...
A porta do sucesso diz: "empurrar" e "puxar". O segredo do sucesso está em saber quando se deve fazer uma coisa ou a outra.
Podes ficar decepcionada se falhares, mas falharás sempre se não tentares.
(Provérbios judaicos)
Da
Leio-te. Percebo-te. Não direi que te avisei, embora te tenha avisado. Expliquei-te, nas entrelinhas, que a entrega deve ser uma estrada de dois sentidos - a de quem se entrega e a de quem recebe. Poucos entendem que a entrega sem a devida recepção é mostra de cobardia e submissão por parte de quem recebe. A submissa mostra-se corajosa e dominadora (ainda que só de si própria) ao entregar-se. O putativo dominador, caso se limite a aproveitar a dádiva, sem se entregar realmente à relação, não passará de um objecto sem alma. É por isso que dominadores há muitos e Dominadores somos poucos. Também eu já desmereci a caixa baixa, mas aprendi a justificar a alta. É por isso que estou sozinho. Apenas porque já decidi que a minha próxima submissa se entregará de corpo e alma e será da mesma forma recebida. Mesmo que tarde 20 anos, não mais usarei corpos para o benefício apenas do meu corpo. Sei que me entendes, L.
F
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