"(...)
E é realmente verdade que o deslizar para a concepção das relações de objecto - como o reconhecia o próprio Fairbairn, embora sendo o seu inventor - traduzia o protesto contra o que era considerado um hedonismo inaceitável: a teoria da líbido. Era necessário recuperar a sensatez e, sem dúvida, também, salvar a moral. Doravante, a busca do prazer será substituída pela do objecto. Com que finalidade? Assegurar que o laço humano social continuará a ser a principal aspiração, reconfortar-se na ideia de que a dependência da tutela do adulto permanecerá como objectivo dominante. Eis o que ao relativizar a ideia da não-educabilidade das pulsões sexuais permite garantir o primado do amor do próximo e, por fim, autoriza a reatar com a exigência de uma domesticação programada, a favor do bem comum das relações comunitárias. Nada disto é apregoado, mas é, efectivamente, neste sentido que evoluirá a teoria das relações de objecto."
in "As Cadeias de Eros" - 2000
André Green (psicanalista)
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