"(...) Nada está dito. Ainda chegamos muito cedo, depois de haver homens há mais de sete mil anos. No que diz respeito aos costumes, como em tudo o resto, o menos bom é arrancado. Nós, os hábeis de entre os modernos, temos a vantagem de trabalhar depois dos antigos. Somos susceptiveis de amizade, de justiça, de compaixão, de razão. Oh meus amigos! que é entao a ausencia de virtude? Enquanto os meus amigos nao morrerem, nao falarei da morte. Estamos desolados com as nossas quedas repetidas, por vermos que as desgraças conseguiram corrigir-nos dos defeitos.
Não se pode julgar a beleza da morte senao pela da vida.
As reticências finais fazem-me encolher os ombros de compaixão. Haverá necessidade disso para se provar que se é um homem de espírito, isto é, um imbecil? Como se a clareza nao valesse o indefinido, nisto de reticências!"
"Os Cantos de Maldoror"
Isidore Ducasse / Conde de Lautréamont (1846/1870)
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