"(...)
Acaso não nos surpreendeu nas áticas estrelas funerárias a contensão dos gestos humanos?
Não pousavam amor e despedida nos ombros tão levemente,
como se fossem feitos de matéria diferente da nossa?
Recordai-vos das mãos, suavemente apoiadas sem pressão,
ainda que nos torsos haja força.
Senhores de si, cientes: isto é o nosso limite,
isto é nosso - tocarmo-nos assim;
os deuses é que nos comprimem com mais força.
Mas é próprio dos deuses.
Ah, pudéssemos nós encontrar algo humano,
puro, contido, simples,
uma estria nossa de terreno fértil, entre rios e penhascos.
Porque o nosso coração nos excede tal como neles.
E não podemos segui-lo com os olhos em imagens que o apaziguem,
nem em corpos divinos em que, maior , se contém."
"As Elegias de Duíno"
Rainer Maria Rilke (1875/1926)
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