O Dono tinha-a mandado entrar na jaula. Ela era pequena, mas a jaula também, quase quadrada... A submissa não hesitou. O Dono ajudou-a a entrar, fazendo-lhe um gesto carinhoso na cabeça. Em redor, curiosos e participantes olharam em silêncio ou a comentarem para o lado; à volta da jaula, o Dono e outro Dominador faziam canas deslizarem como dedos pelas barras de ferro que, entre os espaços, tocavam na submissa na jaula, completamente calma e em contemplação. A música continuava a chamar gente para dançar, e o Dono continuava ali, de pé, em redor da jaula, satisfeito e cheio de orgulho. O seu troféu, a sua dádiva de entrega, rendia-se em cada minuto ali passado, exposta e indefesa, mas segura...
De repente outro Dom decide ordenar à sua submissa que se junte a ela, depois de falar com o primeiro: a porta da jaula abre-se e outra mulher rendida às ordens junta-se à primeira. Acontece a catarse!
A segunda submissa envolve e primeira com os braços e alheiam-se de tudo em volta; estão sozinhas num mundo de silêncio e de ternura. Comovi-me!
Elas unem-se num abraço e em afagos de cumplicidade cadenciados; fazem-se festas nos braços e na cara, apertadas mas serenas. Sempre em silêncio... Duas mulheres expostas a um grupo de gente que partilha a mesma afinidade - duas almas que escolheram o seu caminho - duas servidões a que lhes basta saber que cumprem a sua escolha com honra e distinção. Momentos com um je ne sais quoi de erotismo encapotado, de felicidade e de entrega; momentos feitos de escolhas e de certezas; momentos cheios de momentos dentro dos momentos. Fiquei a olhar sem me mexer. Senti-me sozinha, mas sorri por as saber unidas, maiores e mais fortes, por as saber realizadas; fiquei a olhar também em silencio, certa de que aquele momento jamais morrerá. Para a escrava. Para a submissa. Para mim!
1 comentário:
Correcção - O Dono e outro Switcher -
Adenda - Switcher esse que as invejou e não se cansou de se imaginar a si próprio no lugar delas.
Lublin
Enviar um comentário