Fui mais uma vez.
O mar chamou e eu fui.
Mas queria ir, senão ficava.
Molhei dedos e olhos,
por dentro e por fora,
sem riscos e sem medos.
Chorei os pés
na palma das mãos dos dias,
deslizei núa por entre raízes,
deixei para trás o que ficou...
Fui mais uma vez.
E de novo gostei.
Sangue nas feridas abertas.
Os dentes brancos amarelos e sujos.
As mamas a caírem com a noite
E as redes a juntarem-se num nó.
Fiquei só!
ML
Dezembro 2002
3 comentários:
Nunca se está só quando se sabe que alguém algures suavemente nos toca os cabelos
Quando a única coisa que podemos fazer é ir, porque é aquilo que queremos, nunca ficamos pior do que se tivessemos ficado.
Podemos ficar sós. Mas a inevitabilidade de ter feito - ou dito - a única coisa possível (porque a queríamos), dá-nos paz. Sempre leal a ti própria, mesmo quando dói...
beijos
A tua baunilha
Fui mais uma vez.
O mar chamou e eu fui.
Mas queria ir, senão ficava.
Molhei dedos e pés,
galochas e meias,
com riscos sem sorte.
Gelei os pés
nas palmas das mãos a bicha,
deslizei equipado por entre rochas,
deixei para trás o que ficou...
Fui mais uma vez.
E de novo nada.
Sangue nas feridas abertas.
Os dedos brancos amarelos e sujos.
As canas a abanarem com a noite
E as redes a juntarem-se no anzol.
Fiquei sem nada....
(Dias de pesca amaldiçoada por porcos)
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