Voltei de férias e de uma ausência a este espaço onde tenho sido sempre acarinhada.
A vida continuou - dias melhores e piores, mais ou menos sol e nenhuma praia.
No entanto, regresso com um sabor amargo-doce no palato, como se tivesse bebido uma água tónica sem gás...
Na minha quarta década de existência, continuo a surpreender-me com pequenos nadas e grandes tudos, e estes últimos meses revelaram-me verdadeiras experiências metafísicas a um nível quase de Kubrick ou/e Cronenberg. A verdade é que nada é o que parece! Ponto final...
Por exemplo... esperei dois anos para ir a Santiago de Compostela (o prometido foi cumprido e fica aqui um abraço ao Amigo que me levou carinhosamente pela mão a uma vontade adiada) e ao entrar na bendita Catedral, senti-me completamente ludibriada. Sou progressista, mas admito que me chocou TVs de plasma e cabines telefónicas (!) informativas da História do local dentro dum local de culto com tanto esoterismo associado... Enfim, os custos do Progresso, ou não será a cupidez do Homem a fazer das suas...?
Mas tive mais momentos de "ascese"pela negativa e, no final, como sempre, o saldo são as perdas que considero sempre maiores que os ganhos, porque se se aposta muito, perde-se muito; é a essa proporção de investimento/perda que se chama VIDA! No que me toca, pelo menos, porque quem se "empresta" não tem nada a perder e tudoo que vier - é lucro!
Tudo isto para dizer o de sempre, para quem já me conhece daqui há dois anos - life is hard and then you die ou ganham-se umas perdem-se outras ou a vida é sempre a perder!
Mas, apesar da minha provecta idade, não deixo de me surpreender com os tais pequenos nadas.
E a certeza de como o mau sexo ou a ausência dele leva o ser humano a ter os comportamentos mais ridículos ou a adoptar as posturas mais incríveis, foi o mote deste Verão. Se lhe juntarmos um meio BDSM e a capacidade de manipular/influenciar "vítimas" auto-convencidas de serem pessoas avisadas, o resultado é verdadeiramente catastrófico! Tenho estado perante esses jogos de marionetas nos últimos meses e tenho chorado por ver pessoas que amo destruídas por um qualquer desespero de causa/efeito. Não posso fazer nada senão assistir e isso também me dói, mas resta-me esperar que o Verão acabe e as hormonas regressem ao lugar. É que o sexo pode ser prejudicial, mesmo quando omisso (vejam-se as estatísticas mundiais de crimes passionais)...
Quanto a mim, continuo com o meu Mestre numa relação imperfeita (porque não há relações perfeitas) e satisfeita por estar a crescer com a sua ajuda e a conhecer-me melhor todos os dias.
Cresci mais nos ultimos quatro meses como submissa que nos ultimos quatro anos, de dentro pra dentro, com as dores próprias do crescimento - a sentir os ossos estalarem e as unhas surgirem!
Mas, nesta relaçao imperfeita onde alguns amigos ficaram à porta por opção própria, descobri que, como diz um grande amigo meu, vivemos sozinhos a vida toda, às vezes acompanhados, apenas! Grande revelação aos 40 anos e num momento de descoberta do meu universo de submissa imperfeita...
Há tempos o meu Mestre disse-me "Tens-te em demasiado boa conta!". Andei dias a digerir a frase e quando a assimilei concluí que ele tinha razão; mas que me perdoe, ele e os que me julgam sem me conhecerem, mas tenho direito a ter-me em boa conta, se sei o que me move e porque me movo. Jamais melhor que ninguem, mas diferente sem duvida...
Todos os dias julgamos e somos julgados, mesmo que digamos que não!
Todos os dias comparamos o que somos e temos como que vemos nos outros.
É inevitável!
Os meus julgamentos aos meus amigos são legitimos, se dependerem do facto de eu idealizar que os posso fazer evitar dores que eu já tive, dispensáveis, agrestes e espinhudas - das que deixam marcas.
Mas descobri que estava errada - não se pode mudar a corrente de um rio, apenas limitar-lhe as margens... Pessoalmente, deixei de nadar em rios, são perigosos porque nos arrastam junto.
Estou feliz por ter crescido tanto nos ultimos meses e perdoem-me os que não se despediram da antiga mulher que fui, mas a verdade é que as vezes somos apanhados de surpresa...
"Não sei onde estou,
não sei para onde vou,
mas sei que não vou por aí!"
José Régio
"Cântico Negro"
2 comentários:
Tão diferentes as nossas formas de ver a vida... no entanto há muita coisa que percebo na tua abordagem!
Fico satisfeito, não só em saber que estás viva e a viver, ainda por cima, uma boa relação com um Mestre. Todavia, não exploras, na tua explicação, essa tua actual mudança...
Um beijinho terno
Homega44
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