“(...) O vencido tem de dar a entender ao animal mais forte que deixou de constituir uma ameaça e que não tenciona prosseguir a luta. Se o animal se bate até ficar muito ferido ou fisicamente exausto, o animal mais forte afastar-se-á, deixando-o em paz.Mas, se o vencido puder mostrar que aceita a derrota antes de a situação se tornar extremamemnte infeliz, poderá evitar que a punição vá mais longe. Isto consegue-se através de certas manifestações características de submissão, que apaziguam o atacante, lhe reduzem rapidamente a agressividade, e aceleream o ajuste da discórdia. Estas manifestações de submissão actuam de várias maneiras. Basicamente, ou extinguem os sinais que têm estado a desencadear a agressão, ou estimulam sinais não agressivos. A primeira categoria de sinais serve apenas para acalmar o animal dominante, enquanto a segunda contribui para mudar activamente a sua disposição. A forma mais tosca de submissão é a inactividade completa. Como a agressão implica movimento violento, uma posição estática permite automaticamente interrupção da agressividade. Isto acompanha-se muitas vezes de encolhimento e agachamento. Como a agressão comporta expansão do corpo até atingir as dimensões máximas, o encolhimento produz exactamente o contrário e actua como sinal de apaziguamento. Outro gesto valioso é o virar costas ao atacante, visto tratar-se da posição oposta ao ataque frontal. Há ainda várias outras formas opostas à ameaça. Se determinada espécie ameaça baixando a cabeça, neste caso a elevação da cabeça significa sinal de apaziguamento. Se o atacante eriça os pêlos, o baixar deste serve para manifestar submissão. Nalguns casos raros, o vencido aceitará a derrota expondo ao atacante uma área vulnerável. (...)
A segunda categoria de sinais de apaziguamento actua como dispositivo de remotivação. O subordinado emite sinais que estimulam respostas não agressivas e que, agindo no interior do atacante, suprimem o respectivo instinto lutador. Há tres formas de o conseguir: 1) adopção da atitude juvenil de suplicar comida – os mais fracos agacham-se e suplicam ao dominante, assumindo a posição infantil característica de cada espécie(...) 2) o animal mais fraco adopta uma posição sexual feminina – independentemente do sexo ou da disposição sexual, o vencido pode subitamente oferecer o traseiro, tal como as fêmeas fazem – na circunstância, o macho ou fêmea dominante cavalgará o macho ou a fêmea submissa, inciando uma pseudocópula 3) a terceira forma de remotivação implica estimulação de prestação mútua de serviços, tão comum no mundo animal(...) – passado pouco tempo, o dominante fica tão embalado com o jogo, que o mais fraco pode afastar-se são e salvo...”
In “O Macaco Nú”
Desmond Morris (1967)
1 comentário:
andas a ler umas coisas giras andas......
estava a ler o post, e durante a maior parte do tempo, vem me á mente aquelas imagens da national geografic quando um leão mais novo tenta suplantar um Leão mais velho.....
mas tendo em conta o contexto do blog, é impossivel nas entrelinhas não criar as possiveis adaptações para os seres humanos numa relação dominador/dominado....
thankx são imagens que me vão acompanhar esta semana pelo menos:))))
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